ATA DA SEXAGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 29-8-2002.

 


Aos vinte e nove dias do mês de agosto de dois mil e dois, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Beto Moesch, Elói Guimarães, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Paulo Brum e Sebastião Melo. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Carlos Alberto Garcia, Carlos Pestana, Cassiá Carpes, Ervino Besson, Estilac Xavier, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Mauro Zacher, Nereu D'Avila, Pedro Américo Leal, Raul Carrion, Reginaldo Pujol e Sofia Cavedon. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Sexagésima Segunda Sessão Ordinária que, juntamente com a Ata da Vigésima Terceira Sessão Solene, deixou de ser votada face à inexistência de quórum deliberativo. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Beto Moesch, o Pedido de Informações nº 189/02 (Processo nº 2757/02); pela Vereadora Clênia Maranhão, o Pedido de Informações nº 187/02 (Processo nº 2730/02); pelo Vereador Elói Guimarães, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Fernando Záchia, o Projeto de Lei do Legislativo nº 166/02 (Processo nº 2745/02); pelo Vereador Haroldo de Souza, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador João Carlos Nedel, 09 Pedidos de Providências; pelo Vereador Sebastião Melo, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 015/02 (Processo nº 2685/02). Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nºs 525, 530, 537 e 538/02, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, aos Senhores Walter Volkmann, Presidente da Comissão Integradora das Associações de Professores de Línguas Estrangeiras Modernas - CIAPLEM - RS, e Luiz Carlos Nunes Júnior, estudante, que discorreram sobre a postura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, de adotar a língua inglesa como o idioma estrangeiro oferecido aos candidatos na prestação de concurso vestibular para os cursos de Medicina e Nutrição. Nesse sentido, destacaram a importância de ampliar as opções de idiomas, solicitando o engajamento desta Casa no intuito de buscar, junto à diretoria da referida Universidade, uma solução consensual sobre o tema. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Elói Guimarães, Isaac Ainhorn, Haroldo de Souza, Carlos Alberto Garcia, Sebastião Melo, Maria Celeste e João Carlos Nedel manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Às quatorze horas e trinta e seis minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e trinta e sete minutos, constatada a existência de quórum e, após, foi aprovado Requerimento verbal formulado pelo Vereador João Antonio Dib, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão. Em continuidade, foi iniciado o período de GRANDE EXPEDIENTE, hoje destinado a assinalar o transcurso do quadragésimo aniversário de fundação da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - APAE - Porto Alegre, nos termos do Requerimento n° 131/02 (Processo n° 2563/02), de autoria do Vereador Pedro Américo Leal. Compuseram a Mesa: o Vereador Paulo Brum, 2° Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre, presidindo os trabalhos; o Senhor Luiz Augusto Gemelli, Presidente da APAE; o Senhor Vilson Martins, representante da Prefeitura Municipal de Porto Alegre; o Senhor Luís Pinto, Presidente da Federação Riograndense de Entidades de Deficientes Físicos do Estado do Rio Grande do Sul; o Coronel Irani Siqueira, representante do Comando Militar do Sul; o Senhor Luiz Carlos Bohrer, representante da Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Dionísio Weschenfelder, representante do Governo do Estado do Rio Grande do Sul e Diretor Administrativo da Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas Portadoras de Deficiência e de Altas Habilidades no Rio Grande do Sul - FADERS. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Pedro Américo Leal homenageou o transcurso de quarenta anos de existência da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE, destacando os projetos educacionais desenvolvidos pela mesma em Porto Alegre. Também, lembrou episódios da trajetória parlamentar de Sua Excelência relacionados a esse segmento da população e chamou a atenção para o empenho demonstrado por profissionais voltados à educação de pessoas portadoras de deficiência. A Vereadora Sofia Cavedon parabenizou o quadragésimo aniversário de fundação da APAE, ressaltando as atividades desta instituição, no que tange à inclusão social dos portadores de deficiência. Ainda, salientou a importância de ações integradas entre o Poder Público e a comunidade, no sentido de perceber as dificuldades psico-afetivas dos portadores de deficiência e pronunciou-se sobre o atendimento pedagógico prestado por escolas municipais especializadas nessa área. O Vereador Sebastião Melo saudou o Vereador Pedro Américo Leal pela iniciativa de propor a presente solenidade, apontando a necessidade da aplicação de políticas públicas direcionadas para atender a essa parcela da comunidade porto-alegrense, citando dispositivos da Lei Orgânica do Município pertinentes ao assunto. Também, mencionou dados atinentes aos recursos públicos destinados, pelo Executivo Municipal, para a implementação de projetos dessa natureza. O Vereador Ervino Besson, externando a satisfação de Sua Excelência em participar da presente homenagem, enfocou a qualidade dos serviços oferecidos aos portadores de deficiência pelas unidades educacionais que integram a APAE. Ainda, enalteceu os ideais de abnegação e solidariedade demonstrados por pais e educadores em prol do bem-estar dos deficientes e afirmou ser esta uma relevante oportunidade para a reflexão sobre esse tema. O Vereador Luiz Braz referiu-se à justeza da presente homenagem, cumprimentando o Vereador Pedro Américo Leal pela iniciativa da mesma e relatando visita realizada por Sua Excelência ao Lar Santo Antônio dos Excepcionais. Em relação ao assunto, aludiu aos problemas enfrentados cotidianamente por familiares de portadores de deficiência no tratamento dos mesmos, propondo a realização de campanhas informativas sobre as condições de vida dos deficientes. O Vereador Isaac Ainhorn, felicitando a APAE pelo transcurso dos seus quarenta anos de funcionamento em Porto Alegre, mencionou diversas instituições que colaboram com o trabalho dessa entidade, especialmente o Rotary Club e a Maçonaria. Também, teceu considerações a respeito da observância, nos diversos âmbitos governamentais, dos dispositivos legais que regulamentam a destinação de recursos públicos para a educação especial. O Vereador Paulo Brum, saudando o Vereador Pedro Américo Leal pela iniciativa desta homenagem e o Professor Paulo Betoletti, pela realização dos Jogos Municipais de Estudantes Excepcionais – JOMEX, discursou acerca do anseio de igualdade de oportunidades sociais que permeia a população de pessoas portadoras de deficiências. Nesse sentido, louvou a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE, pela passagem de seu quadragésimo aniversário. O Vereador Carlos Alberto Garcia manifestou sua satisfação em participar desta homenagem à Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE, salientando que, nos quarenta anos de existência dessa Associação, ela tem trabalhado pela inserção dos excepcionais na sociedade. Ainda, destacou a atitude solidária das pessoas que se dedicam à administração, à captação de recursos financeiros e ao trabalho nas sedes das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Cassiá Carpes, narrando situações de colaboração na área do esporte, vividas por Sua Excelência na condição de atleta, treinador de equipe de futebol e radialista, com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - APAE, saudou a entidade pelo quadragésimo ano de sua existência e destacou a responsabilidade e seriedade com que a entidade tem sido administrada. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Luiz Augusto Gemelli, que agradeceu a homenagem hoje prestada pela Câmara Municipal de Porto Alegre à Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - Porto Alegre. Em continuidade, o Coral da Escola Especial Nazaré da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - Porto Alegre - e o Coral da Escola Dr. João Alfredo de Azevedo apresentaram número musical. Às dezesseis horas e trinta e cinco minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezesseis horas e quarenta e um minutos, constatada a existência de quórum. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Haroldo de Souza, agradecendo presentes recebidos de alunos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - Porto Alegre, felicitou a entidade pelo quadragésimo aniversário de fundação. Ainda, analisando a abertura do comércio aos domingos e feriados, avaliou os possíveis benefícios ou prejuízos decorrentes dessa abertura e abordou Projeto de Lei de autoria de Sua Excelência, referente à proibição de colocação de propaganda em postes. A seguir, constatada a existência de quórum, foi aprovado Requerimento do Vereador Reginaldo Pujol, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Antônio Prestes, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Constituição e Justiça. Na ocasião, foram apregoadas Declarações firmadas pelo Vereador Luiz Braz, Líder da Bancada do PFL, informando o impedimento dos Suplentes Mario Paulo, Wilson Santos e Professora Marili, e pelo Suplente Luiz Negrinho, informando seu impedimento, em assumirem a vereança no dia de hoje, em substituição ao Vereador Reginaldo Pujol. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Beto Moesch, refletindo sobre os temas em discussão na Conferência organizada pela Cúpula Mundial das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, em Joanesburgo - África do Sul, destacou a presença de Mata Atlântica no Município de Porto Alegre. Nesse sentido, defendeu o uso racional dos recursos naturais pelos munícipes e a ação fiscalizadora dos órgãos competentes do Município quanto ao uso da área remanescente de Mata Atlântica na Cidade. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Sofia Cavedon referiu-se ao pronunciamento efetuado pelo Vereador Beto Moesch em Grande Expediente, no que tange às políticas de proteção ao meio ambiente implementadas pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Também, externou sua contrariedade à manutenção, pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, de decisão liminar que viabilizou a abertura do comércio aos domingos na Cidade. O Vereador Adeli Sell, mencionando notícia veiculada em diversos veículos de imprensa brasileiros, relativa à proibição de venda de refrigerantes em escolas dos Estados Unidos da América, teceu considerações sobre o Projeto de Lei do Legislativo nº 172/99 (Processo nº 3115/99), de autoria de Sua Excelência, que dispõe sobre o controle da quantidade de açúcar na merenda escolar fornecida pelas escolas de Porto Alegre. A Vereadora Maria Celeste discorreu sobre a realização, na semana vindoura, de consulta popular acerca da proposta que prevê o ingresso do Brasil no acordo que estabelece a Área de Livre Comércio das Américas - ALCA, analisando dados econômicos e políticos atinentes ao tema, criticando o posicionamento adotado pelo Governo Federal quanto ao assunto e salientando a necessidade da adoção de medidas que garantam a manutenção da soberania nacional. O Vereador Estilac Xavier pronunciou-se sobre matéria publicada na edição de hoje do jornal Zero Hora, intitulado "Comerciários conquistam novas oportunidades", debatendo os efeitos que a manutenção de decisão liminar do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, que viabilizou a abertura do comércio aos domingos em Porto Alegre, acarretará para a economia da Cidade, especialmente em relação às atividades dos grandes centros comerciais existentes na Cidade. O Vereador Luiz Braz saudou o Vereador Antônio Prestes pela assunção de Sua Excelência ao mandato neste Legislativo. Também, examinou aspectos alusivos à proposta de abertura do comércio aos domingos em Porto Alegre, expondo sua preocupação quanto à defesa dos direitos dos comerciários ao repouso semanal remunerado, vantagens salariais sobre o trabalho durante esse dia da semana e outros benefícios previstos na Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. O Vereador João Antonio Dib dissertou sobre ações judiciais propostas pelo Sindicato dos Municipários de Porto Alegre - SIMPA e pelo Sindicato dos Servidores da Câmara Municipal de Porto Alegre - SINDICÂMARA, que obtiveram decisão liminar favorável para suspender o desconto de contribuição previdenciária de servidores aposentados do Município. Ainda, discursou sobre consulta popular a ser realizada sobre a implantação da Área de Livre Comércio das Américas - ALCA. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Antônio Prestes externou suas impressões acerca do período em que Sua Excelência exerceu o mandato na Câmara Municipal de Porto Alegre, em substituição ao Vereador Reginaldo Pujol, que se encontra em Licença para Tratar de Interesses Particulares, agradecendo a todas as pessoas que contribuíram para que Sua Excelência pudesse exercer sua função como representante do povo de Porto Alegre. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Raul Carrion teceu considerações sobre os efeitos da decisão liminar concedida pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, que sustou os efeitos da Lei Municipal nº 7.109/92, o que viabilizou a abertura do comércio aos domingos em Porto Alegre, afirmando que a manutenção dessa decisão judicial acarretará prejuízos aos direitos dos comerciários e não gerará empregos em número expressivo no comércio da Cidade. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Raul Carrion defendeu a participação da Câmara Municipal de Porto Alegre na consulta popular a ser realizada na próxima semana, destinada a avaliar o ingresso do Brasil no acordo que estabelece a Área de Livre Comércio das Américas - ALCA. Nesse sentido, manifestou-se sobre dados políticos e históricos referentes à implantação dessa Área, especialmente no que se refere aos interesses dos Estados Unidos da América quanto à questão. O Vereador Ervino Besson aludiu aos debates realizados pela Câmara Municipal de Porto Alegre quanto à construção de uma pista de eventos na Cidade, informando ter recebido diversas manifestações de pessoas vinculadas ao Carnaval porto-alegrense, as quais posicionaram-se contrariamente à instalação desse equipamento público em área situada no Porto Seco e destacando a necessidade de que essa problemática seja resolvida o mais rapidamente possível. O Vereador Juarez Pinheiro salientou a importância da votação do Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 001/02, que estabelece o Regime Próprio de Previdência dos Servidores do Município de Porto Alegre. Também, abordou a relevância da consulta popular a ser realizada na próxima semana, destinada a avaliar a questão do ingresso do Brasil no acordo que estabelece a Área de Livre Comércio das Américas - ALCA, externando sua contrariedade a esse acordo. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 143, 154, 157, 159, 160 e 161/02, os Projetos de Lei do Executivo nºs 054 e 055/02, este discutido pelo Vereador João Antonio Dib, o Substitutivo nº 03 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 010/93, o Projeto de Resolução nº 092/02, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 014/02; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 129, 146, 148, 155 e 156/02, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 013/02. Também, o Vereador Elói Guimarães manifestou-se durante o período de Pauta. Às dezoito horas e vinte minutos, constatada a inexistência de quórum, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Carlos Alberto Garcia, João Carlos Nedel e Paulo Brum e secretariados pelo Vereador João Carlos Nedel. Do que eu, João Carlos Nedel, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. Walter Volkmann, representando a Comissão Integradora das Associações de Professores de Línguas Estrangeiras Modernas – CIAPLEM/RS -, está com a palavra; o tempo regimental é de dez minutos, que será dividido entre dois oradores.

 

O SR. WALTER VOLKMANN: Boa-tarde. Saúdo o Sr. Presidente em exercício, saúdo os Vereadores da Câmara Municipal de Porto Alegre, autoridades aqui presentes, professores e alunos de línguas estrangeiras.

Aqui estou representando a Comissão Integradora das Associações de Professores de Línguas Estrangeiras Modernas - CIAPLEM/RS -, entidade que desde 1997 congrega as associações de professores de alemão, espanhol, francês, inglês e italiano. Esta entidade, entre outros objetivos, dá prioridade à luta pela pluralidade de línguas e culturas.

Vivemos num mundo que se tornou pequeno devido ao progresso dos meios de transporte e de comunicação. Assim, importa levar aos alunos da nossa escola um ensino de qualidade, que não só os prepare profissionalmente, mas também amplie sua visão de mundo através de múltiplas experiências oferecidas no ensino de línguas e culturas estrangeiras. Por ser um Estado formado por diversas etnias, que se expressam através de suas línguas e culturas, o Rio Grande do Sul oferece aos alunos das nossas escolas a possibilidade de escolher entre as cinco línguas estrangeiras mencionadas. A grande maioria das escolas oferece opção entre duas línguas, mas existem aquelas escolas, como por exemplo o Instituto de Educação General Flores da Cunha, nesta Capital, que oferecem o estudo de quatro línguas ao longo do curso fundamental e do médio, que são as línguas: alemão, espanhol, francês e inglês.

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Lei n.º 9.394/96, em seus artigos 26 e 36, a escolha das línguas estrangeiras a serem oferecidas ficará a cargo da comunidade escolar e, dentro dessa possibilidade, a disponibilidade da instituição. Em nenhum lugar do texto a Lei especifica a língua ou as línguas a serem ensinadas; é a comunidade que deve escolher, levando em conta os interesses da maioria, a qual, por sua vez, será muitas vezes influenciada pelas etnias predominantes na região em que se insere a escola.

O texto da LDB valoriza o ensino das línguas estrangeiras ao determinar a inclusão obrigatória de pelo menos uma língua na parte diversificada do ensino fundamental, a partir da quinta série, e ao longo do ensino médio, seguindo claramente o caminho da pluralidade lingüística e cultural. Exemplificando: uma escola de uma comunidade localizada na fronteira com o Uruguai poderia oferecer espanhol, da quinta série do ensino fundamental à terceira série do ensino médio e, por exemplo, italiano como segunda opção de língua nos três anos do ensino médio. Assim fazendo, estaria estritamente dentro do texto da LDB.

Ocorre que a Universidade Federal do Rio Grande do Sul vem, há algum tempo, eliminando a opção de línguas estrangeiras e determinando a exclusividade da língua inglesa no exame de vestibular aos cursos de Informática, algumas Engenharias e, mais recentemente, nos cursos de Medicina e Nutrição.

Também a Fundação Federal das Faculdades de Ciências Médicas de Porto Alegre só aceita a língua inglesa.

Inúmeras tentativas vêm sendo feitas para que a UFRGS reverta essa decisão, que a nosso ver é equivocada por várias razões. Considerando o que consta na LDB, e o exemplo acima mencionado, é evidente que a universidade pública, ao determinar as disciplinas que vão constar no exame vestibular, deve se basear no currículo do ensino básico, formado pelos cursos fundamental e médio.

Além disso, privilegiar uma única língua, ainda que seja o inglês - de reconhecida e inegável importância - seria levar os alunos a uma única visão de mundo, numa atitude limitadora, que teria conseqüências danosas para a nossa identidade de brasileiros. É também uma visão empobrecedora, se considerarmos as exigências de uma sociedade que se quer aberta para conhecer a realidade de outros povos e assim estabelecer relações econômicas e culturais extremamente importantes no momento em que as nações do mundo inteiro procuram se reunir para discutir e propor soluções comuns visando a condições mais justas de desenvolvimento. Uma grande universidade pública como a UFRGS tem inegável peso nos currículos do curso básico, a persistir essa determinação, outros cursos poderiam tomar a mesma atitude, o que refletiria também nas opções dos cursos de ensino médio; o que, por sua vez, poderia se propagar aos cursos de letras, com a progressiva eliminação das língua estrangeiras, lamentável sob todos os pontos de vista.

A CIAPLEM/RS, juntamente com alunos e professores de línguas estrangeiras, conclama, pois, a sociedade, aqui representada pelos Vereadores da Câmara Municipal de Porto Alegre e pelos cidadãos aqui presentes, a lutar contra essa decisão tão equivocada quanto prejudicial aos interesses da comunidade rio-grandense.

A seguir uma manifestação dos alunos. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O aluno Luiz Carlos Nunes Júnior, vestibulando de Medicina, está com a palavra pelo tempo restante.

 

O SR. LUIZ CARLOS NUNES JÚNIOR: Boa-tarde, prezados Vereadores, professores, colegas e demais presentes. Estamos aqui, hoje, não apenas para demonstrar nossa indignação e repúdio pela ações tomadas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mas para esclarecer aos senhores e à comunidade em geral alguns dos diversos pontos que demonstram não somente um equívoco por parte dessa Universidade, mas um desrespeito e até um desprezo pela vida e pelo futuro de muitos jovens estudantes gaúchos.

A universidade, com a decisão de cobrar inglês como língua obrigatória para os vestibulandos de Nutrição e Medicina da UFRGS e Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre, está claramente eliminando um grande número de candidatos que nos últimos anos vêm enfrentando o vestibular e fazendo uso da língua espanhola e demais idiomas. Antes mesmo do concurso, com isso, pelo medo de ter de estudar mais dois ou três anos com o único intuito de aprender inglês, inúmeros candidatos têm desistido de fazer Medicina, entenda-se assim jovens desistindo de seus sonhos, mudando o rumo de seus destinos, não por opção, mas por falta dela.

Acreditamos, cegamente, que a democracia para ser considerada característica marcante de um povo não pode, em hipótese alguma, ficar restrita à política, mas, sim, deve ser prerrogativa básica de todos os segmentos de uma sociedade que pretende prosperar. O que a Universidade Federal está ensinando hoje? Que lição de democracia estamos recebendo daquela que deveria nos mostrar como trabalhar e como construir uma sociedade igualitária e justa? Gostaríamos de saber que estamos prestes a ingressar em uma instituição pública de ensino, que prima pela justiça, pela educação completa e democrática, e não numa universidade que apresenta argumentos sem fundamentos legítimos para tomar suas decisões e, principalmente, decisões que podem prejudicar aqueles que com ela contam para crescer.

A universidade não fere somente os interesses de um grupo - no caso o dos alunos que cursam outros idiomas -, mas fere também artigos da Constituição, como por exemplo o artigo 206, que, em tese, defende a pluralidade de idiomas, de idéias e a liberdade de aprendizado no ensino médio. Ela ainda contradiz seu próprio edital que cita a frase: “O concurso vestibular visa a medir os conhecimentos adquiridos no decorrer do ensino médio.” A mesma vai também contra tratados do MERCOSUL, que, no Protocolo de Ouro Preto, que aderiu ao Tratado de Assunção, estabelece, no art. 45, que nos países de língua espanhola o segundo idioma deveria ser o português; e no Brasil, único de língua portuguesa, o segundo idioma deveria ser o espanhol.

Sem falar na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que não especifica o idioma a ser ensinado no ensino médio.

Essa medida, além de inconstitucional, não deixa de ser elitista, pois os alunos de menor poder aquisitivo não dispõem de excedente financeiro para cursar o inglês desde jovens, o que torna, para nós, a concorrência desleal.

Infelizmente, caros Vereadores, teremos de deixá-los com uma contundente dúvida, a mesma que nos tem tirado o sono e horas de nossas vidas há quase dois anos: por que tornar o inglês obrigatório no vestibular com a alegação de que este é requisito fundamental à Medicina, se a Universidade sabe que não nos oferecerá, durante o citado curso, uma cadeira do mesmo idioma?

Queremos, enfim, salientar aos senhores, que um posicionamento favorável dos membros desta Câmara, a exemplo do Ministério Público Federal, que nos têm apoiado, inclusive ingressando com uma ação civil pública contra a UFRGS, pode ser crucial nos resultados da nossa luta. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Nós queremos, aqui, saudar o professor e o aluno, que trouxeram a esta Casa um assunto importante, que muitas vezes passa sem o conhecimento até da grande opinião pública, que é a exigência, excludente por assim dizer, da Universidade Federal, no vestibular aos cursos de Medicina e Nutrição, de colocar apenas um idioma. A concepção que se tem do vestibular é uma avaliação integral daquele que vai entrar na universidade. A especialização estará lá na frente, e não no ingresso nesse ou naquele curso. Essa se nos afigura uma exigência um tanto esdrúxula e antidemocrática. Não me parece que ocorra nos outros cursos que também têm a importância da Medicina e da Nutrição. Então, uma campanha nesse sentido é altamente positiva.

Queremos cumprimentar, aqui, esse movimento, porque não dar opção de outra língua que não o inglês efetivamente se torna uma exigência antidemocrática, não correspondente à natureza científica do próprio vestibular. Recebam o nosso apoio e a nossa saudação. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Sr. Presidente da Comissão Integradora das Associações de Professores de Língua Estrangeira, Sr. Walter Volkmann, representante dos alunos, nós estamos tomados de grande surpresa por essa decisão restritiva e efetivamente antidemocrática oriunda da Universidade Federal, que tem uma natureza, como Universidade, universalista e pluralista. Nós pensamos que a visão do inglês como única língua definida para os alunos que vão fazer vestibular de Medicina e de Nutrição, por mais que o inglês represente a bibliografia em termos de obras, do ponto de vista de obras científicas, é um extremo retrocesso. O que deve haver é o contrário: o aumento do número de línguas, pelo caráter universalista que representa, hoje, porque falados por milhões de pessoas, o chinês, o japonês, o árabe, o hebraico, e tantas outras línguas. Deveriam aumentar as opções.

Quando fiz vestibular, em 1965, para o curso de Direito da Universidade Federal, naquela época, nós tínhamos a opção do alemão, do italiano, do espanhol, do francês e do inglês. Eu, particularmente, optei pelo francês. Quando o currículo das escolas de grau médio é todo direcionado neste sentido, estabelecer-se apenas a linha do inglês realmente é uma atitude autoritária, de cima para baixo, uma visão que, a nosso juízo, pode até se fundar em algum posicionamento, que, certamente, deve haver, mas é extremamente tecnocrática.

Receba o nosso apoio, a nossa solidariedade. Entendo que esta Casa deve-se posicionar sobre a matéria, inclusive por meio de uma moção de solidariedade pela permanência dos antigos critérios. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Sr. Walker Volkmann, meu querido Luiz Carlos Nunes - um abraço, Luiz Carlos, cumprimentos pelo texto -, na Comissão de Educação e Cultura, nós estamos envolvidos com esse assunto há algum tempo, com a Ver.ª Sofia Cavedon, na época Presidenta dessa Comissão, e, hoje, com a Ver.ª Maria Celeste, que, inclusive, vai pedir - daqui a pouco ela vai falar a respeito disso - uma moção, para que possamos oficializar o nosso apoio.

Sei que o meu amigo Ver. Tião Goiano vai falar de imperialismo americano, e é mesmo, com certeza. E digo mais: eu não me dobro para yankees, até tenho uma “bronquinha” com eles; apesar de a gente não ter muito poderio, muita “bala na agulha”, eu tenho uma “bronquinha” sim com os yankees, e como tenho!

De qualquer maneira, do trabalho, Sr. Luiz Carlos Nunes, que você apresentou aqui, o primeiro tópico fala em “falta de respeito”. Quando se falta com o respeito na educação já é meio”. Quem não sonha não tem direito à vida, e nós temos de dar condições de as pessoas continuarem sonhando, não cortando os sonhos, principalmente dos nossos jovens.

Um texto que marquei: “Acreditamos cegamente que a democracia, para ser considerada característica marcante de um povo, não pode, em hipótese alguma, ficar restrita à política, mas sim deve ser prerrogativa básica de todos os segmentos de uma sociedade.” É o que eu sempre falo aqui: deixarmos o partidarismo político de lado e cuidarmos diretamente do interesse social. Com isso quero dizer para você, Luiz Carlos, e para todos vocês que estão presentes nesta Casa do Povo, que a posição do PHS, a minha posição, a exemplo do Ministério Público Federal, é: contem comigo para o que for preciso. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, Sr. Presidente Walter Volkmann, da Comissão Integradora das Associações dos Professores de Línguas Estrangeiras, quero dizer da minha alegria, porque no ano de 2000 este Vereador foi o primeiro a levantar aqui nesta Casa essa luta. Naquela oportunidade, a Universidade, após um sério dia de embate, adiou o processo.

Quero também dizer que este Vereador é membro do Conselho Federal de Educação Física. Na semana passada, nós reunimos onze conselhos federais em Brasília, exatamente no dia em que o Sr. Presidente Fernando Henrique Cardoso assinava um acordo bilateral entre Brasil e Uruguai, em que as pessoas, do Brasil e do Uruguai, teriam idênticas oportunidades de trabalho. A preocupação de um milhão e meio de profissionais que atuam na área da saúde, de doze conselhos, determinou a preocupação, e um dos fatores é a questão da língua, e a língua adotada é o espanhol. Por que a preocupação? Como vai-se dar, por exemplo, na medicina, especificamente, a questão de receitas de alguém que está vindo do Uruguai para o Brasil? Mais do que nunca é necessário, sim, que as pessoas entendam que a língua espanhola é necessária para a formação desses cursos. Além do mais, existe um cabedal de acervo, hoje vastíssimo, em espanhol, que suprime a necessidade do inglês.

Em nome do Partido Socialista Brasileiro e em nome de doze conselhos federais, somos totalmente partidários de que continue a língua espanhola. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, a nossa saudação aos colegas Vereadores e Vereadoras, bem como ao Sr. Walter, que usou a Tribuna Popular. São extremamente procedentes as colocações sustentadas pelo senhor, desta tribuna. O que nós queremos aqui sublinhar, com muita veemência, é o nosso protesto e indignação, porque a Universidade Federal é um referencial para todos nós, referencial de pluralidade pela sua história de luta e de defesa da cidadania. Então, ela deveria ser a primeira, na nossa avaliação, a liderar esse processo. Colocar apenas um idioma no vestibular acho que não é posição da sua Reitoria. Pelo que conheço da Prof.ª Wrana, pela sua história, com certeza, ela deve caminhar na direção da pluralidade. Agora, veja a contramão da história: nós estamos aqui lutando para fortalecer o mercado do CONESUL; de outro lado, a ALCA querendo abarcar os nossos mercados, de forma atropelada. Quando se fala em integração, lamentavelmente, às vezes, se fala em questões econômicas, mas, antes da integração econômica, vem a integração cultural. E vou mais, meu querido Prof. Walter: há uma questão histórica também, americana, de opressão em relação aos países periféricos. Então, esta luta é muito justa. Esta Casa, por seus organismos competentes, vai participar da luta. Já expressou aqui o Ver. Haroldo de Souza que a Comissão de Educação vai liderar. O Ver. Isaac Ainhorn também já se colocou nesse diapasão, e nós nos queremos somar a esta luta, porque achamos que, efetivamente, ela defende princípios democráticos, resgata a cidadania. Penso que a Universidade Federal tem que ser exemplo para todos nós. Ela tem que ser plural e não apenas impor a língua inglesa para efeito do vestibular. Meus cumprimentos, Professor. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Maria Celeste está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Sr. Walter Volkmann, Sr. Luiz Carlos Nunes, que abrilhantaram a nossa Tribuna Popular, nossos cumprimentos aos professores, aos alunos que estão aqui no dia de hoje. Já foi relatado pelo Vice-Presidente da Comissão de Educação desta Casa, Ver. Haroldo de Souza, o acompanhamento dessa Comissão, desde o ano passado, a essa questão tão importante, uma luta que a então Presidente, Ver.ª Sofia Cavedon, já vinha acompanhando.

Neste ano, nós já fizemos uma audiência aqui na Comissão. Novamente foram apresentados os relatos e a questão só foi adiada do ano passado para este ano. Isso muito nos preocupa e por isso nós potencializamos a Tribuna Popular para que toda esta Casa e todos os Vereadores tomassem ciência dessa intransigência da Universidade Federal: Por que só a cidade de Porto Alegre continua com essa restrição nos critérios? nas Universidades de Santa Maria e Pelotas isso não acontece, então, por que somente em Porto Alegre isso está acontecendo? O desrespeito com a regionalização, com a cultura local, com o Rio Grande do Sul, com as diversas línguas que nós temos; o desrespeito aos tratados do MERCOSUL; a visão de mundo restrita que querem continuar passando na Universidade aos nossos alunos, aos nossos jovens. Qual a educação que nós queremos com tudo isso?

São questões que foram levantadas e continuam sendo suscitadas pelos alunos, pelos professores, numa luta de muita importância para a cidade de Porto Alegre.

Nós queremos dizer que ficamos muito felizes por ouvir as manifestações dos demais Vereadores aqui nesta Casa e vamos estar ainda hoje encaminhando uma moção de apoio a esta luta importante que tanto os professores quanto os alunos vêm desenvolvendo para que seja encaminhada à Universidade e que possa também ser encaminhada ao Ministério Público a decisão e deliberação desta Casa. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Eu gostaria de dar as boas-vindas aos senhores manifestantes e dizer que no ano passado eu era da Comissão de Educação desta Casa, que era presidida pela Ver.ª Sofia Cavedon, e a Comissão foi até a Universidade, reuniu-se com o Conselho da Universidade e argumentou exatamente o que V. Ex.ªs aqui disseram.

A Bancada do PPB é pela democracia, é por uma maior amplitude e não pela exigência de uma língua somente. No entanto, o Conselho informou-nos que a decisão foi por razões técnicas, dizendo que 80% da literatura médica, de qualidade, é emitida em inglês e que 80% das pesquisas também são em inglês. E que durante o desenrolar do curso os professores têm dificuldades com aqueles alunos que não conhecem a língua inglesa profundamente, por isso estavam recomendando apenas essa língua. Entendemos as razões técnicas; achamos, evidentemente, que não deveria ser uma língua só.

A Ver.ª Sofia Cavedon foi muito firme na sua postura em defesa de, no mínimo, as duas línguas. Não fomos felizes. A única concessão que conseguimos foi o adiamento por mais um ano dessa decisão, ou seja, os alunos têm praticamente dois anos de antecedência para saber qual a língua que irão defender no vestibular. Mas a nossa Bancada é pela adoção de, no mínimo, duas línguas. Obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Queremos agradecer ao Sr. Walter Volkmann, Presidente da Comissão Integradora das Associações de Professores de Línguas Estrangeiras Modernas, e também o nosso vestibulando, que participou da Tribuna Popular. Agradecemos a todos pela presença. Suspendemos a Sessão por alguns minutos para as devidas despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h36min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum – às 14h37min): Estão reabertos os trabalhos.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro que seja antecipado o Grande Expediente para que a APAE possa ser homenageada.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Em votação o Requerimento do Ver. João Antonio Dib, que altera a ordem dos trabalhos. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

Este período está destinado a assinalar o transcurso do 40.º aniversário da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Porto Alegre, conforme Requerimento de autoria do Ver. Pedro Américo Leal.

Compõem a Mesa o Dr. Luiz Augusto Gemelli, Presidente da APAE; o Dr. Dionísio Weschenfelder, Diretor Administrativo da FADERS, que, neste ato, representa o Governo do Estado; o Sr. Vilson Martins, representante da Prefeitura Municipal de Porto Alegre; o Dr. Luís Pinto, representante da Federação Rio-Grandense de Entidades de Deficientes Físicos; o Cel. Irani Siqueira, representante do Comando Militar do Sul; o Sr. Luiz Carlos Bohrer, representante da Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Recreação; o Ver. Pedro Américo Leal, proponente da homenagem.

Srs. e Sr.ªs Vereadoras; Srs. Diretores; Professores e alunos da APAE do Rio Grande do Sul; demais autoridades; Senhores da Imprensa; Senhoras e Senhores, para mim, é um momento de grande honra e emoção poder estar presidindo esta Sessão, em especial, este Grande Expediente, destinado a homenagear a APAE, em especial na semana em que comemoramos a Semana Nacional, a Semana Estadual e a Semana Municipal das Pessoas Portadoras de Deficiência.

O Ver. Pedro Américo Leal, proponente deste Grande Expediente, está com a palavra.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Esta Sessão não podia ser melhor presidida por um outro Vereador, pois V. Ex.ª insistentemente tem-se dedicado a todos aqueles que precisam de mais afeto e mais carinho, tanto que eu o procurei para lhe pedir licença para fazer essa manifestação que faço agora aos excepcionais do Rio Grande do Sul. Mas é que esse homem que está à sua direita, o Dr. Luiz Augusto Gemelli, foi meu sargento, é meu mecânico e foi por mim, com a aceitação de todo o Plenário, tornado Cidadão Emérito de Porto Alegre. Eu não podia deixar de saudar a quem estou saudando. A quem estamos reverenciando, hoje? A Associação de Pais e Mestres dos Excepcionais, essa entidade filantrópica, sem fins lucrativos, que atende aos portadores de deficiências mentais em três escolas: a Escola de Educação Nazaré, da Glória; a Escola João Alfredo de Azevedo, do Bairro Vila Nova, que, quando Prefeito – João Dib, olhe para mim –, o Ver. João Dib oportunizou que existisse. Estou certo? E o CADE (Centro de Atendimento e Desenvolvimento do Excepcional), do Bairro Santana. Os serviços diretamente desses homens e mulheres que trabalham nesse verdadeiro postulado abrangem trezentos portadores nessas escolas, e beneficiam cinco mil trezentos e noventa e cinco deficientes e acompanhantes que transitam em ônibus gratuitamente, até por obra sua, Ver. Paulo Brum. Não é verdade? Ou será que estou enganado? E estende esse atendimento ao esporte, à recreação, ao lazer, às artes plásticas e musicais, que encantam a vida desse universo tão sofrido, inconscientemente tão feliz! E podem perguntar: como é que ele está afirmando isso? Adivinhou? Não, não adivinhei.

Conheci a APAE muito antes de você, Gemelli, muito antes de você! Não pelas minhas virtudes e nem pela minha dedicação, mas levado por um homem que admirei, apesar de ser meu adversário político: o Dr. Carlos Santos, o Deputado Carlos Santos, o negro Carlos Santos, homem notável! Quando nós dois éramos Deputados, e com Ernani Machado, advogado, com ele também; eu me incorporei a essas duas criaturas maravilhosas e fui levado a esta obra que é a obra do excepcional.

Fomos Deputados e dedicamos o nosso trabalho a essa gente, por alguns anos, tanto que recebi e ostento até hoje o diploma de Cidadão Emérito da APAE. Você não sabia, Gemelli. Eu nunca lhe disse isso, por esses anos que trabalhei, lá pelo ano de 1970, eu acho que você nem era nascido ainda. O Ver. João Antonio Dib, que é meu contemporâneo, está achando graça. Pois esse meu adversário político conseguiu me inflamar, e me entusiasmar para que fizesse todo o possível por essa gente.

Aliás, encontrei por aí – Isso é explicável? Sim, é explicável – o José Luiz Gomes. Ele está lá na platéia. Pois este homem foi candidato a Governador do Estado. Está trabalhando, distribuindo bugigangas por aí, deu-me um pão; já tirou um bichinho vermelho de um saco, porque eu sou do Internacional, e deu para o Ver. João Antonio Dib um do Grêmio, quer dizer, ele se dispõe a fazer isso. O que transforma as criaturas? Uma obra? Por que uma obra transforma as criaturas? Os quadros, o contingente profissional que trabalha no ensino especial; ali estão médicos, neurologistas, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, professores de Educação Física, como o Ver. Carlos Alberto Garcia, musicoterapeutas. O que faz essa gente se inflamar e trabalhar? Uma chama invisível é transmitida pela inocência daqueles que nós atendemos. É de fato variada, como é variada a inteligência desses meninos eternamente crianças.

O Carlos Santos era um homem retórico e dizia: “É uma maravilha, Coronel, isso é indescritível!”, aquela empolgação que tinha, era um negro de postura impecável; sempre me dizia: “Eles são eternamente filhos da gente.”

Quadro grande, conseqüentemente dispendioso, vai a 100 mil reais o dinheiro que se gasta por mês, nessa obra, nessa organização, fora a despesa de manutenção. Daí a luta pela sobrevivência da instituição, daí os reclamos baterem à porta, todo o dia, de alguém para pedir uma ajuda, para pedir compreensão, para pedir tolerância, para pedir entendimento para a obra.

Embora pareça incrível, é no Poder Público que surgem as maiores dificuldades e incompreensões, o Governo Federal, Estadual e Municipal retiram subsídios das entidades sociais, que não podem reclamar nada, nem sabem o que está-se passando, eles andam por aí. Não renovam convênios, atrasam repasses, fazem tudo isso com esse contingente que não pode reclamar. É o silêncio das autoridades aos gritos de socorro desse punhado que não reclama e nem pode reclamar, outros reclamam por eles, enquanto eles seguem felizes cumprimentando a todos aqueles que lhes negam ajuda. Continuam, não sabem nem quem são aqueles que dão ou não para eles; eles continuam nessa peregrinação de bondade, espalhando felicidade; não sabem o que está acontecendo.

Pois, olha, Luiz Augusto Gemelli, hoje, Presidente da APAE, ex-Sargento do Exército, tornado por mim Cidadão Honorífico de Porto Alegre, com a ajuda de todo o Plenário, por unanimidade, agora você é o Comandante desta jornada, eu um simples soldado. Vamos Gemelli, vamos à missão! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra, em Grande Expediente.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente dos trabalhos, Ver. Paulo Brum. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Faz muito adequadamente esta homenagem, ou propõe esta homenagem, o Ver. Pedro Américo Leal, porque trata-se de uma instituição que está na história da educação especial e está na história da luta pela inclusão, na luta pelo atendimento digno que todo o cidadão e cidadã merecem ter, especialmente aquele portador de alguma tipo de deficiência.

A APAE é pioneira aqui no Rio Grande do Sul, aqui no Brasil e fez história na América Latina na luta por esse atendimento. Primeiro movimento, o movimento de pais, porque o pai, a família é quem recebe e sente a dificuldade dobrada que é ter um filho portador de deficiência numa sociedade que trata todos iguais, numa sociedade extremamente excludente, elitista, numa sociedade organizada para a competição, numa sociedade que foi estruturada para os ditos “normais”. E os pais, além de levar essa árdua tarefa de educar, garantindo o desenvolvimento desse filho, também têm de assumir a luta para fora do seu lar, para buscar as condições de estudo, de dignidade, de acesso ao mundo do trabalho, de acesso ao serviço de saúde, de assistência que, em tese, todo o cidadão deveria ter e que muito menos se tinha e se tem ainda – dá para dizer – do cidadão, do aluno, da aluna, do menino, da menina, do adolescente portador de deficiência. Esse é o grande mérito da APAE.

A APAE hoje se encontra espalhada pelo Brasil inteiro e em muitas cidades é a instituição, talvez a única, o único aporte, o único espaço de atendimento ao portador de deficiência. A Cidade onde nasci, Veranópolis, tem um trabalho belíssimo da APAE, que demonstra um pouco do que é a característica da APAE, que é uma grande instituição, que guarda uma unidade metodológica, uma unidade de identidade, mas que tem autonomia, que tem toda uma preocupação de estar envolvida com cada uma das cidades, com cada uma das comunidades, tem uma presença cidadã, uma presença nas atividades da cidade, envolvendo as cidades, chamando a atenção das cidade para a necessidade da cidade ter políticas públicas para ocupar o portador de deficiência.

É um movimento que nasceu buscando uma proteção integral para esse aluno, esse jovem, e hoje está muita preocupado em integrar ações com as escolas, integrar ações com a saúde, integrar ações com outras instituições que existam naquela comunidade.

Uma instituição que cresce e que modifica o seu conceito e a sua forma de atuar, na medida em que também a sociedade vai modificando a sua visão de segregação, a sua visão de preconceito.

Mas esses pais enfrentam essas tarefas árduas: o preconceito, a segregação, a absoluta falta de políticas, a vergonha dos pais, a dificuldade da sociedade em aceitar a diferença, enfrentam isso corajosamente, ajudam a sociedade, claro, com muitos outros atores, a modificar os seus conceitos, a compreendê-los como cidadãos plenos, plenos de direito e cidadãos que têm, sim, direito à educação integral, direito à inserção no mundo do trabalho, direito à autonomia, ao lazer e à cultura.

Esse movimento, essa mudança na sociedade se expressa na APAE e é também resultado da presença e da luta da instituição APAE.

Eu queria fazer esse registro, porque acho que ele tem a característica que quero dar ao restante da minha fala. A APAE faz parte de uma rede de trabalho de inclusão social que temos em Porto Alegre, que temos no Rio Grande do Sul e no Brasil. Mas, especialmente, em Porto Alegre, que quero chamar a atenção. A ação do Poder Público, que tem, sim, ação em várias áreas e na educação especial também, é uma ação que apenas se completa, que apenas tem sucesso, porque tem uma grande rede não- governamental, uma grande rede de trabalho organizado da população que atende às diferenças, que atende às diferentes faixas etárias e oferece diferentes serviços, desde creches, até a capacitação profissional, passando por clínica, por atendimento pós sala de aula, diferentes serviços são oferecidos por diferentes instituições nessa Cidade e a Prefeitura, ao reconhecer, ao conveniar, ao apoiar técnica e pedagogicamente, reconhece os limites do orçamento público, os limites da ação do Estado para enfrentar tamanha defasagem no atendimento e para enfrentar o resultado da desigualdade social e do modelo excludente que nós vivemos.

É dessa rede e é nessa rede que a APAE se fortalece. Hoje, nós temos, em Porto Alegre, como resultado dessa luta, quatro escolas especiais que atendem alunos portadores de deficiência mental. Escolas que atuam desde a educação precoce ao encaminhamento para o mundo do trabalho. Escolas que avançaram muito, compreendendo que nós não devemos ter instituições totalizantes, nas quais o nosso jovem entra e fica lá pelo resto da vida. A escola tem o compromisso de abrir outros espaços, de prepará-los para a autonomia, de dar-lhes o direito de se inserirem na sociedade. Por isso, eles saem aos vinte e um anos, mas não são pura e simplesmente “saídos” da escola, há toda uma proposta, um encaminhamento, por exemplo, como a educação de jovens e adultos. No Centro Municipal de Educação de Adultos, que atende mais de mil alunos aqui, no Centro da Cidade, 60% dos alunos são portadores de deficiência, assim como os nossos alunos da educação de adultos nas escolas. Nós temos a recepção do portador de deficiência, assim como o apoio à organização de pais e alunos em cooperativas de trabalho abrigado, assim como o esforço nos centros comunitários para acolher as atividades culturais.

Poderia falar aqui de uma série de outros esforços como a integração dos alunos nas escolas regulares e o apoio com sala de integração de recursos, que já são dezesseis na rede municipal. Então, todo esse esforço traduz o reconhecimento de iniciativas e instituições como a APAE. É o reconhecimento, sim, mas é o reconhecimento também do Poder Público de que o orçamento público não vai resolver tudo sozinho. E, nesta parceria, nós queremos apostar.

Queremo-nos agregar a sua homenagem, Ver. Pedro Américo Leal, e cumprimentá-lo pela homenagem. Gostaríamos ainda de homenagear a APAE, sim, pois sabemos o esforço para manter esse trabalho, sabemos da qualidade desse trabalho. Recebam, cada um de vocês que fazem esse trabalho, o nosso reconhecimento e o nosso apoio para que ele continue cada vez mais vivo e mais capaz de atender às necessidades de nossos jovens e crianças. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra, no Grande Expediente, por cedência de tempo do Ver. Valdir Caetano.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa.) Inicialmente, eu quero saudar V. Ex.ª, Ver. Pedro Américo Leal, pela justa iniciativa de propor este Grande Expediente no 40.º aniversário desta entidade, que presta relevantes serviços à sociedade brasileira, gaúcha e porto-alegrense. Em muitas oportunidades, aqui desta tribuna, temos destacado que o terceiro setor no mundo – ou seja, as entidades não-governamentais – vêm ocupando um espaço que, na verdade, outrora, e até presentemente, deveria ser ocupado pelo poder do Estado nos seus mais diversos entes federados. Mas, o Estado foi investindo em outras questões e, especialmente na questão social, o Estado foi falecendo.

Hoje existem exemplos como APAEs e outras entidades que cumprem um papel destacadíssimo daquilo que o Estado, no sentido lato sensu, deveria cumprir. E é por este veio, é por esta visão, Ver. Pedro Américo Leal, que eu quero navegar. É inadmissível que um Governo da República tenha tantos recursos para tantas coisas, especialmente para banqueiros, e não tenha dinheiro para as APAEs. Isto é inaceitável! Que os valores repassados sejam quase migalhas! Mas não fica no Governo Federal. Se nós baixarmos ao nível dos Estados, aqui no Estado do Rio Grande do Sul isso também é real. O Estado também muito pouco, e com pouquíssimos projetos, investe na APAE. Aqui, quando se trata de uma matéria desta envergadura, não vamos fazer a exploração político-partidária.

Esta é uma causa que está acima dos partidos políticos e, portanto, não cabe em situação político-partidária. Mas não adianta os Governos dizerem que são a favor da saúde, a favor do ensino especial, mas não investirem no ensino especial. E aí eu vou vir para a paróquia, porque é aqui nós vivemos, aqui que nós somos Vereadores e aqui que nós temos de fiscalizar. A Lei Orgânica do Município e a Constituição Municipal, Ver. Pedro Américo Leal, estabelecem, no art. 183, que 30% da arrecadação do Município devem ser destinados para a educação. E que 12% desses 30% devem ser destinados a quem? Às escolas especiais. Sabem quando a Prefeitura de Porto Alegre, nesses últimos doze anos, cumpriu? Em nenhum ano.

Aliás, quando manda o relatório para esta Casa, e nós, que hoje presidimos a Comissão de Economia, estamos fazendo essa cobrança desta tribuna e lá na Comissão de Economia - e quero destacar o trabalho dedicado, entre tantos, do Ver. João Carlos Nedel -, que, inclusive, já remeteu ao Tribunal de Contas várias vezes e simplesmente não é cumprida a Lei Municipal. Eu estava lendo o relatório e, no ano de 2001, a Prefeitura destinou apenas 39 mil 562 reais para a APAE. No entanto, a Prefeitura de Porto Alegre, que tem quatro escolas especiais, quando os alunos chegam à maioridade, ela os desliga, e para onde vão essas pessoas? Vão para a APAE. E, no entanto, a APAE não recebe o recurso.

Isso é desrespeito a uma Lei Maior, à Constituição Brasileira, fruto do debate da cidadania, que, no art. n.º 214, diz que tem que destinar recursos para o ensino especial, e não diz que tem que ter dezoito, dezenove, vinte e um, quarenta, cinqüenta anos. Portanto, é um descumprimento daquilo que a Lei Maior estabelece.

Quando estamos aqui nesta Sessão magnífica, justíssima, para homenagear esta entidade, não podemos ficar na discurseira. A homenagem é feita, o Governo vem aqui, vai dizer que está tudo bem, e não está tudo bem. Não adianta fazer o discurso de que está tudo bem. O que justifica a caminhada terrena e a caminhada política não são os discursos. O que justifica a caminhada terrena são as práticas. A tribuna aceita tudo, a televisão e o rádio aceitam tudo. E estou falando dos Governos. Sou oposição ao Governo local, mas não estou falando somente deste Governo, eu estou falando dos governos. Isso vale para o Governo Federal, vale para o Governo Estadual, mas vale fundamentalmente para mim, porque nós somos Vereadores de Porto Alegre.

Quero dizer aos senhores professores, às senhoras professoras, aos alunos, aos educadores, aos psicólogos, enfim, a toda essa plêiade de extraordinários educadores: essa mesma Prefeitura, que não tem mais de 39 mil reais para investir no ensino especial, é a Prefeitura que gasta um milhão e 200 mil com o Fórum Social. (Palmas.) Essa é a mesma Prefeitura que não tem 39 mil, mas que gasta um milhão e duzentos mil com o Fórum Social! (Palmas.) É esta mesma Prefeitura que não coloca no Orçamento e que não cumpre a Emenda que passou por esta Casa. Mais de 39 mil reais, que, com certeza, isso não dá para pagar a luz e a água da APAE de Porto Alegre; é a Prefeitura que gasta 12, 13 milhões nos espaços do “Cidade Viva”. Então, nós não podemos, ao homenagear os quarenta anos da APAE, deixar, Ver. Pedro Américo Leal... Que bom que V. Ex.ª propôs esta homenagem para oportunizar a que nós, efetivamente, possamos traduzir isso na prática.

Nós vamos votar o Orçamento logo ali na frente, Ver. João Antonio Dib. O Orçamento, que, quando se destina dinheiro para as questões sociais, geralmente não é cumprido, porque foi aprovada no ano de 2000 uma Emenda nesta Casa, Ver. Isaac Ainhorn, e que até hoje não foi cumprida, mas nós, legisladores, queremos aqui dizer que gostaríamos, de forma coletiva, Presidente da APAE, que, no debate do Orçamento, que vai-se estabelecer - e aliás tem data marcada, e nós vamos comunicar -, a APAE também esteja aqui conosco neste Plenário para debater, porque trata-se de uma questão muito importante.

Cumprimento-o pela luta, pela firmeza, pela dedicação. Os senhores são bravos! Um abraço muito fraterno da Bancada do PMDB, do Ver. Fernando Záchia e deste Vereador, pelo transcurso do 40.º aniversário dessa extraordinária entidade que cumpre relevante serviço social a Porto Alegre, ao Rio Grande do Sul e ao Brasil. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Ervino Besson está com a palavra, em Grande Expediente, por cessão de tempo do Ver. Adeli Sell.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Foi muito brilhante a iniciativa do nosso colega Ver. Pedro Américo Leal, homenageando a APAE pelos seus quarenta anos de luta, de derrotas e vitórias.

A APAE, hoje, mantém três unidades educativas: Escola de Educação Especial Nazareth, no Bairro Glória; Escola Especial Dr. João Alfredo Azevedo, na Vila Nova; Escola do Excepcional, no Bairro Santana.

Abnegados são os diretores, professores e todas essas pessoas que se envolvem dia a dia com esse trabalho voltado às pessoas portadoras de deficiência.

Nós temos, sim, aqui nesta tribuna, de agradecer a Deus por existirem pessoas abnegadas como vocês, porque vocês continuam, hoje ainda, com extrema dificuldade, mantendo essas escolas.

Eu estava vendo aqui, nós recebemos uma pasta com um relatório, que diz: (Lê.) “Cinco mil trezentos e noventa e cinco portadores recebem gratuitamente o vale-transporte e mais três mil trezentos e setenta e um acompanhantes o recebem”. E a APAE, vejam V. Ex.ªs: (Lê.) “Foram aplicados no processo de ensino e aprendizagem da APAE, em 2001, 1 milhão e 768 mil reais.” A Prefeitura de Porto Alegre participou, nesse montante, com a quantia de trinta e nove mil quinhentos e sessenta e dois reais.

Quando eu entrei neste Plenário, olhei para as galerias, olhei no rosto dessas pessoas, desses senhores, dessas senhoras e, depois, recebendo o pão mais sagrado do dia, o alimento mais sagrado do dia, daquela forma carinhosa com que aquela menina nos entregou -  inclusive o Ver. Isaac Ainhorn achou tão gostoso o pão, que já o saboreou pela metade – esse alimento sagrado, eu quero dividi-lo entre várias pessoas; quem sabe, talvez brote no fundo da alma dessas pessoas idéias, idéias novas, para que possam luzes se acender para ajudar mais essas entidades.

Estou vendo aqui também, Irmã do Instituto Santa Luzia – sou vizinho do Instituto Santa Luzia –, o trabalho que é feito nessa instituição. Portanto, quero dizer às pessoas que nos assistem pela TV-Câmara que visitem essas entidades e olhem com seus próprios olhos o trabalho que é feito por essas abnegadas pessoas aos nossos excepcionais. Visitem essas entidades e tirem, cada um dos senhores, suas próprias conclusões. Tenho certeza de que muitos não sabem do trabalho que é feito por essas entidades, e outras ajudas poderão surgir, porque essas entidades necessitam muito de ajuda.

Ver. Paulo Brum, que Preside esta Sessão, meu caro Vereador, um homem que também tem deficiência. Vejam o trabalho do Ver. Paulo Brum, um homem que luta neste Plenário em prol dessas entidades dos nossos portadores de deficiência.

Portanto, fica aqui, Vereador, o reconhecimento desta Casa e o reconhecimento de todas as senhoras e senhores que estão aqui nas galerias.

Recebemos aqui um bonequinho, com muito carinho, de uma aluna - todos os Vereadores o receberam. O que diz aqui? Diz o seguinte: “Sozinhos somos fracos, juntos seremos fortes na causa que abraçamos.” Que bonito! Podem ter certeza de que, daqui a cinco, dez, vinte anos, ele ainda estará muito bem guardado na minha residência, pois uma frase dessas talvez sirva para que reflitamos com muita profundidade.

Quero agradecer aqui ao meu colega Ver. Adeli Sell, que, muito gentilmente – eu não estava inscrito –, me cedeu este tempo para que eu falasse. Portanto, Ver. Adeli Sell, meu sincero agradecimento.

Meus caros diretores, meus caros professores e todas essas pessoas que se envolvem, no dia-a-dia, em prol dessas pessoas: que Deus abençoe cada um de vocês, dando-lhes muita paz e muita saúde, para que possam, sim, continuar executando este trabalho tão belo e tão lindo que vocês têm feito ao longo dos quarenta anos da história dessa instituição, trabalho esse pelo qual estão sendo homenageados por esta Câmara Municipal de Porto Alegre. Um fraterno abraço a todos. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Luiz Braz está com a palavra, no Grande Expediente, por cessão de tempo do Ver. Aldacir Oliboni.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ex.mo Sr. Presidente da Câmara Municipal em exercício, Ver. Paulo Brum, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e de mais presentes.) Meu querido amigo, Vereador Pedro Américo Leal V. Ex.ª é, realmente, um homem de altíssima sensibilidade e está, eu tenho certeza absoluta, embevecido com o ato que V. Ex.ª propicia para esta Câmara Municipal, trazendo aqui amigos de excepcionais, pessoas que lutam para que o mundo do excepcional possa ser um mundo melhor. E V. Ex.ª, que deu origem a este ato, merece aqui os cumprimentos deste amigo e também de toda esta Casa, com certeza absoluta.

Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, senhoras e senhores, eu tenho-me relacionado com algumas casas que tratam do problema do excepcional. Eu tenho-me relacionado pouco com a APAE, mas nesta semana eu estive almoçando com uns amigos lá do Lar Santo Antônio, e os problemas que vocês enfrentam na APAE não devem ser problemas muito diferentes dos problemas que são enfrentados pelo pessoal do Lar Santo Antônio. E os problemas que vocês enfrentam na APAE não devem ser muito diferentes dos problemas que são enfrentados pelo Lar Santo Antônio. Foi-nos contada, quando da nossa visita, a história de pais que deixaram seus filhos para serem cuidados pelo Lar Santo Antônio e que os visitavam de seis em seis meses, deixando-os lá para que o Lar tomasse conta deles, para que outras pessoas que quisessem transferir o seu amor e o seu carinho, fizessem, por vezes, o papel de pai deles.

Lembro-me que o Presidente do Lar Santo Antônio chamava a atenção dos pais, que tinham que estar presentes, era uma obrigação. Acredito que, para oferecermos um mundo melhor para os excepcionais, é preciso que se faça a sociedade conhecer melhor os excepcionais. É preciso fazer com que a sociedade possa entrar em contato com esses entes e ver que tudo que eles precisam é conquistar a sua cidadania por completo. Não podemos estar negando para essas pessoas, esses excepcionais, simplesmente por uma falta de conhecimento, essa condição de cidadania. Muitas vezes isso se deve até mesmo porque as próprias famílias acabam abandonando-os, é claro que não é o caso da maioria, mas de uma grande parte dessas pessoas.

 Acredito que uma Associação como a APAE está muito bem presidida por V. S.ª, conheço o seu trabalho e sei da capacidade e da competência que tem. Acho que deve caber a esse órgão uma campanha, e sei das dificuldades que V. Ex.ª tem em fazer uma campanha, porque, de repente, faltam recursos até mesmo para que as necessidades básicas da Associação possam ser mantidas. Mas acho que é necessário se fazer uma campanha de conscientização por parte da sociedade, para que essa sociedade possa, de mãos dadas, ajudar a construir esse mundo onde devem estar presentes todos os segmentos da sociedade. Nesse mundo que devemos construir tem um lugar muito especial reservado ao excepcional. Ele deve ser tratado com carinho, com respeito. Ele não deve ser tratado nem com piedade, nem com dó, mas deve ser transmitido para ele todo o amor que ele precisa e que qualquer ser humano precisa para poder sobreviver.

Eu tenho tido contato com os excepcionais lá no Lar Santo Antônio e tenho visto que não são raras as pessoas que vão até lá para transmitir àquelas criaturas maravilhosas o seu carinho, o seu afeto e o seu amor, e, muitas vezes, essas pessoas que estão lá transmitindo esse afeto, esse amor não têm absolutamente nenhum laço sangüíneo que as una àquelas criaturas, mas elas estão lá porque amam e sentem-se bem fazendo com que os excepcionais que estão naquela casa sintam-se muito bem.

Eu vi o Ver. Ervino Besson dizendo que estava agradecido porque recebia um presente por parte dos excepcionais, que todos nós recebemos: o pão e o “apaeto”, e vou levar no meu carro porque vi que é para afixar o “apaeto” no carro, não é para levar para casa, porque nós somos os amigos dos excepcionais e temos de demonstrar isso, Ver. Pedro Américo Leal e Ver. João Antonio Dib.

E vou fazer uma solicitação aos meus amigos aqui do Orçamento. Temos de demonstrar isso, Ver. Sofia Cavedon, por ocasião da votação do Orçamento. O dinheiro não é exclusivo de ninguém; o dinheiro é do Município, é dinheiro de toda a sociedade. Eu vi que os recursos necessários que o Governo do Município, de acordo com a legislação, repassa a essa área de educação especial, que é a educação dirigida aos excepcionais, estão muito aquém daquilo que está escrito na nossa Lei Orgânica do Município, que diz que 30% do valor total destinado à educação deve ir para a Educação Especial. Por isso mesmo, agora, quando votarmos o próximo Orçamento, nós devemos fazer com que esse nosso sentimento, manifestado hoje nesta homenagem que prestamos a APAE, seja expresso no Orçamento, nos números que nós vamos votar, fazendo cumprir a Lei Orgânica do Município e dando para as entidades que ministram a educação especial a quantidade de recursos necessária para que eles possam fazer o seu trabalho, para incluir o excepcional no mundo daqueles que são chamados normais, para incluir o excepcional no mundo também de todos nós, que queremos exatamente as vantagens da cidadania. Esse é o nosso trabalho agora na votação do Orçamento, é o trabalho que nós devemos ter, não é um trabalho do meu Partido, ou do Partido de Oposição ou Situação, é o trabalho de todos nós, que somos representantes da sociedade. É fazer valer a Lei Orgânica e dar para os excepcionais todas as condições para que eles possam ser incluídos também nesse mundo da normalidade. Parabéns! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra, em Grande Expediente, por cessão de tempo do Ver. Almerindo Filho.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Inicio fazendo duas saudações especiais, sendo que uma delas é dirigida ao proponente desta iniciativa, Ver. Pedro Américo Leal, o qual teve a sensibilidade de promover este Grande Expediente em homenagem à Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Porto Alegre. A nossa homenagem a V. Ex.ª, Ver. Pedro Américo Leal.

De outro lado, à APAE e a esse grupo de abnegados; de um lado, pais de deficientes, e, de outro lado, graças a Deus que existem homens como V. S.ª, Dr. Gemelli, outros tantos que estão aqui e outros tantos que aqui não puderam comparecer e que estão presentes no dia-a-dia dessa instituição. Graças a Deus que vemos a Maçonaria e clubes de serviços, como o Rotary, presentes, permanentemente, nas atividades da APAE. Sim, a Maçonaria está presente. Temos um venerável grão-mestre presente aqui no dia de hoje e em encontros das potências e das lojas maçônicas e dos clubes de serviços. Essas extraordinárias instituições que têm de ser resgatadas, porque, muitas vezes, são julgadas, irresponsavelmente, na sua honra, na sua dignidade e no seu respeito. Mas a prova maior do tributo que temos a essas instituições são os 40 anos da APAE. Sim, são os 40 anos da APAE; que sobrevive nesse mar de dificuldades, que sobrevive na retórica oficial de que as coisas estão sendo feitas, Ver. Pedro Américo Leal.

Ah, se dependêssemos apenas, para proporcionar os recursos necessários, dos dispositivos legais e constitucionais, Ver. Elói Guimarães, a APAE e outras instituições estariam, Dr. Gemelli, absolutamente tranqüilas; porque o que não faltam são dispositivos legais. Vejam a Constituição Federal art. 6, art. 23, art. 24, art. 208 e uma montanha de incisos, art. 212, art. 213, art. 214, art. 227, isso só na Constituição Federal. Na Constituição Estadual vou-me liberar da leitura porque são mais de vinte dispositivos legais. Na Lei Orgânica - a Constituição da Cidade de Porto Alegre - artigos 174, 180, 183. Leis, Decretos, na chamada legislação infraconstitucional. Às vezes eu tenho que “dar a mão à palmatória” ao decano desta Casa, Ver. João Dib, que nós temos leis demais e pouca ação, Vereador, e pouca eficácia. Porque hoje era apenas um dia que deveria se revestir, Dr. Gemelli, de discursos laudatórios, simplesmente de homenagens e de festa. Mas nós estamos aqui, usando esta tribuna em nome do PDT, em meu nome pessoal, na minha condição de rotariano, para fazer uma reflexão, para despertar mentes e, notadamente, aqueles que têm poder de responsabilidade do Estado, seja no âmbito do Município, do Estado e da União, em relação a esses problemas. E nós assistimos ao triste descumprimento das mais comezinhas regras de orçamento. Aqui mesmo foi referido que o percentual dirigido à educação especial de 12%, sobre os 30% da educação que devem ser aplicados, não é cumprido. Explicação tem para tudo. A palavra aceita tudo aqui no Município. Certamente, em alguns momentos, ao Dr. Gemelli já deve ter sido recomendada a ida o Orçamento Participativo, e uma dezena de vezes já foi junto com outras lideranças ao Orçamento Participativo e de lá voltaram com as mãos abanando, sem nada para levar para as suas instituições. Mas, apesar de tudo, nós continuamos acreditando na natureza humana, no ser humano, na determinação e na capacidade de luta de V. S.ªs, que levam a causa mais extraordinária do ponto de vista humano, a mais extraordinária, abençoada pelo Supremo Arquiteto do Universo, de proteção a essas crianças e a esses jovens que não podem postular em sua própria voz as suas necessidades e as suas aspirações.

Aqui se falou, para encerrar, Sr. Presidente, que após os vinte e um anos são esquecidos; como se os vinte e um anos cronológicos representassem os vinte e um anos reais dessas pessoas.

Aqui nesta Casa mesmo, há alguns anos, nós conseguimos – este Vereador junto com o Ver. Paulo Brum – estabelecer estágios para jovens deficientes mentais. O resultado, Dr. Gemelli, foi extraordinário. Os senhores que atuam nessa área têm consciência disso, o resultado foi surpreendente. O trabalho por eles realizado - os Vereadores são testemunhas disso, com os estagiários – era feito muitas vezes com mais competência, com mais responsabilidade do que o de uma pessoa normal. A prova está aqui, no cotidiano desta Casa, e é por isso que nós nos somamos.

E aqui invoco, para encerrar, a manifestação do Ver. Sebastião Melo de que nós temos de estar atentos neste ano. E foi bom que tenhamos comemorado, por essa iniciativa do Coronel-Vereador Pedro Américo Leal, agora no mês de agosto, porque estamos recebendo, no final do mês de setembro, o Orçamento, e isso vai fazer com que fique muito vivo, muito presente; e queremos os senhores aqui presentes para nos auxiliar na busca da questão de verbas orçamentárias claras e inequívocas em relação ao trabalho da educação especial. Muito obrigado. Saudação e longa vida à APAE! (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Paulo Brum está com a palavra, no Grande Expediente, por cedência de tempo do Ver. Antonio Hohlfeldt.

 

O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Um abraço muito carinhoso e especial ao meu querido amigo Ver. Pedro Américo Leal, com certeza é brilhante a idéia de podermos estar, nesta tarde, fazendo não só uma homenagem à APAE, mas também uma reflexão de vida, que é exatamente o que estamos fazendo nesta tarde aqui na nossa Casa.

Permito-me fazer uma saudação muito especial ao Professor Paulo Bertoletti, que, há mais de vinte anos, com garra, determinação, coragem e doação pessoal, realiza, com sucesso, os JOMEX. Nós, em 97, por uma Lei de minha autoria, por uma Lei desta Casa, transformamos o JOMEX em jogos municipais. Assim sendo, eles recebem a estrutura, as condições necessárias para que nós possamos, todo ano, presenciar aquele belíssimo trabalho de integração das pessoas portadoras de deficiência com a nossa comunidade. Um abraço especial aos pais, mães, e ainda mais especial aos meu irmãos portadores de deficiência, que se fazem presentes nesta tarde. Quero abraçar a APAE no dia em que comemora 40 anos, e não por coincidência na Semana Nacional das Pessoas Portadoras de Deficiência, a Semana Estadual e a Semana Municipal, essa também instituída por esta Casa. Eu sempre digo: que bom, que bom que nós não precisássemos de nada disso, que bom se nós não precisássemos ter uma semana para dizer à sociedade, para dizer aos nossos governantes que nós queremos apenas o direito de sermos cidadãos! Infelizmente, a realidade é outra, e nós temos que fazer com que essas homenagens nos propiciem condições para mostrarmos também à sociedade as nossas dificuldades e do que nós precisamos para nos tornarmos iguais.

O Governo Federal, muito bem orientado, lançou, no ano de 2002, o lema “Igualdade de oportunidades”. O que faz a APAE a não ser buscar igualdade de oportunidades para todas as crianças, para todos os cidadãos portadores de deficiência? Por isso, estamos aqui comemorando a existência de 40 anos da APAE. Aqui em Porto Alegre, a APAE realiza exatamente aquilo que o Poder Público nunca fez. E a APAE consegue, sim, ter o reconhecimento do Governo Municipal, mas, na prática, meu querido representante do Poder Público Municipal - não só esta Presidência da APAE, mas tantas outras que já passaram sempre estiveram aqui dizendo -, a Prefeitura Municipal nada faz pela APAE. A única verba repassada para a APAE é o dinheiro que vem do Governo Federal, do Governo do Estado. O Município apenas o repassa para a APAE. Mas a Prefeitura vem aqui e diz que reconhece o belo trabalho da APAE. Nós, em 1999, Sr. Presidente, aprovamos uma Emenda de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, destinando uma mixaria, uma ninharia para a APAE. Houve o maior rebuliço nesta Câmara com representantes do Governo Municipal, e o Prefeito foi à APAE negociar para que ela retirasse a Emenda, porque iria faltar dinheiro. Para publicidade, Ver. Luiz Braz? Esse dinheiro não foi para a APAE. Agora, o que eu sinto neste instante, pela manifestação de quase todas as Bancadas que subiram a esta tribuna, do que eu tenho a plena certeza é que neste ano a conversa vai ser outra. Este Poder Legislativo sempre foi sensível a nossa luta, não à cor partidária do Ver. Paulo Brum, porque a nossa bandeira, a nossa causa, nosso querido Professor Bertoletti não tem cor, não tem cor partidária. Nós sempre fomos acostumados a pedir. No passado éramos vistos como símbolo da “esmoleira”, nós íamos para a rua apenas para pedir esmola. Agora não! Nós não estamos mais pedindo nada a ninguém; nós queremos que o Poder Público nos dê aquilo que é do nosso direito sim, que são as condições mínimas para que possamos lutar de igual para igual. Por isso, o lema “igualdade de oportunidades”.

O que a APAE quer, o que o Dr. Pinto quer, o que tantos outros que estão aqui presentes querem é o reconhecimento de que somos cidadãos, de que precisamos de condições e de que o Poder Público tem o dever de dar os equipamentos, os mecanismos, as ações necessárias para que possamos ser considerados cidadãos.

Por isso, Ver. Pedro Américo Leal, V. Ex.ª tem o meu reconhecimento do fundo do meu coração, a minha admiração e, com certeza, de milhares de pessoas portadoras de deficiência que estão sendo hoje homenageadas, não só pelos 40 anos da APAE, mas por tudo que se reconhece, que se busca e que se quer: pelo direito à vida, pelo direito a sonhar, a buscar e a realizar os sonhos.

Por isso, desejo que Deus o ilumine nessa sua proposição. E à APAE, na comemoração dos seus 40 anos, eu digo: não só quarenta anos, mas uma vida longa, porque vocês da APAE são necessários, no sentido de serem o suporte, de darem as condições para que tantas pessoas portadoras de deficiências tenham o seu direito à vida, o seu direito a sonhar.

Que Deus os ilumine, e vida longa! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Solicito que o Ver. Paulo Brum assuma a presidência dos trabalhos.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra, no Grande Expediente.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Quero dizer da minha alegria em poder, nesta tarde, participar deste ato comemorativo aos 40 anos de fundação da APAE. Gemelli, eu – e o Ver. Isaac Ainhorn já fez esta menção -, quando cheguei aqui, perguntei: tem alguma atividade do Rotary? Porque vi vários rotarianos aqui presentes. Fiquei contente com isso. Disseram que não, que o Rotary sistematicamente faz parte da APAE como grupo de prestação de serviços. Isso é importante, até porque este ano é o Ano do Voluntariado. Uma das coisas que mais necessitamos neste mundo é da solidariedade. O ser humano, cada vez mais, tem de aprender que ele necessita dos outros, porque sozinho não constrói nada.

Vocês também tiveram a grande felicidade de colocar na mensagem, quando nós recebemos este pequeno mimo, da importância de viver em coletividade.

Também, Gemelli, fiquei muito contente por ter assumido essa bandeira. Sei do empenho que Larry Hübner vinha investindo – estão aqui hoje a sua esposa e o seu filho -, sei de sua dedicação nesta luta. Lembro-me que o meu envolvimento com as APAEs começou há quase trinta anos, com um amigo pessoal, colega de profissão, Professor de Educação Física, Prof. Aldo Potrich, que me ensinou como ninguém aquela luta, porque ele dedicava todos os dias da semana a essa causa. E, às vezes, sábado e domingo, ele me telefonava: “Garcia, me dá uma mão para pegar algumas cadeiras, porque nós temos de dar uma mão para algum atleta.” Então, eu lembro que a primeira rua para a qual eu tive oportunidade de conceder nome, como parlamentar, foi dedicada a Aldo Potrich.

O Ver. Paulo Brum foi muito feliz quando fez uma saudação ao Paulo Bertoletti. Eu também quero te saudar, Paulo, e a todos os profissionais de Educação Física, entre os quais me incluo. Eu sei que o trabalho que os profissionais de Educação Física fazem, juntamente com os demais profissionais das outras áreas, é um carinho muito próximo, um reconhecimento, que faz uma interação. Parabéns a todos os profissionais que atuam junto à APAE!

Quero também fazer uma saudação a um colega meu de infância - hoje eu mexi com ele - o Serginho, que está lá com a sua mãe, sentado. O Serginho hoje está com cinqüenta e três anos e eu disse: “Pô, Serginho, tu não me entregaste o pão?” Isso mostra que a busca dessa autonomia é o que se quer. Quando se fala de pessoas portadoras de necessidades especiais, isso mostra que a sociedade tem que ter um olhar diferente, mas, ao mesmo tempo, tem que oportunizar, porque todos têm condições de interação entre todos.

É por isso que se busca essa igualdade. É por isso que se busca que as empresas ofereçam novos postos de trabalho, porque quando se oferecem novos postos de trabalho vão ver como é gratificante, como são atenciosos, como são generosos. Mas essa é uma mudança cultural que, aos poucos, está sendo efetuada. Esse trabalho de doação feito não tem preço.

Recentemente, tive a oportunidade de discutir com o Secretário Municipal de Educação e ele disse que quer fazer um fórum sobre essa discussão, a respeito dos portadores de necessidades especiais que, ao completarem vinte e um anos, saem da escola. Aí se discute qual idade: a idade cronológica ou a idade mental? Essa discussão tem que ser feita cada vez mais, porque, de uma hora para outra, as famílias ficam desestruturadas, porque sabem que as crianças estão lá amparadas, estão sendo bem cuidadas e estão sendo preparadas para dar outros vôos.

Tivemos a oportunidade de, no ano de 2000, formatar uma Lei, que é o Guia de Serviços e Direitos das Pessoas com Necessidades Especiais, porque a população ainda não conhece todos os seus direitos. E quando se fala em direitos é isso que se busca aqui, hoje. Não se busca, aqui, hoje, esmola. Não se busca aqui algo como se estivesse mendigando. O que se busca, aqui, hoje, na realidade, é o direito pleno de algo consolidado na Constituição Federal, ou seja, o que se quer é o acesso, tanto a estabelecimentos públicos, como privados, empresas, porque, com isso, quem vai ganhar é a sociedade, quem vai ganhar com isso é o povo.

Ao parabenizar as APAEs, quero fazer uma saudação especial à Elcira Bernardi, que é a Presidenta da Federação das APAEs do Rio Grande do Sul. Eu a conheço há mais de trinta anos e sei da sua luta, da sua guerra em prol de buscar recursos e trabalhar em favor dos mais necessitados. Parabéns à APAE por essa luta de quarenta anos, porque só quem conhece o seu dia-a-dia sabe do que nós estamos falando. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da mesa e demais presentes.) Eu fiz questão de subir à tribuna e usar o tempo de Liderança do nosso Partido, em nome deste Líder e do colega Ver. Elói Guimarães, pelo carinho que nós temos por essa entidade. Eu até citarei fatos para vocês, pois sou oriundo do esporte e o esporte tem uma peculiaridade e uma capacidade imensa de colaboração.

Eu já fiz várias doações para várias APAEs no Estado; certa vez, eu, vindo de São Borja, fui pleitear uma verba para a APAE da minha terra. Mandei para duas entidades: uma menor e outra um dos maiores bancos do nosso País. Não recebi nenhuma resposta desse, um dos maiores bancos privados do País, mas com relação à outra entidade eu consegui que fizessem mais uma sala de aula para a APAE; dentre tantas que eu ajudei quando atleta, como treinador, hoje como radialista e Vereador da Capital.

Quinta-feira estive em Portão e lá havia, também, uma homenagem para a APAE. Eu fiz uma doação de um material esportivo, para que aquela garotada tenha desenvolvimento físico e psicomotor.

Eu tenho uma admiração muito grande por essa entidade por todo o Estado. É uma entidade com credibilidade, e nós, que somos do interior, sabemos que, pela peculiaridade de todos se conhecerem, a APAE mantém uma tradição, uma cultura, uma raiz muito forte de credibilidade. Ela é administrada por pessoas de uma capacidade enorme e de coração enorme.

Recentemente, estive em São Borja, no fim de semana passado, e ao chegar num bairro da Cidade, um velho colega meu me chamou para ir a sua casa. Chegando em sua casa, me convidou para ir até um quarto: “Entra aqui no quarto que tem um torcedor seu aqui.” Eu jamais imaginei, Ver. Paulo Brum, que fosse alguma pessoa que estava na cama, um garoto com vinte e poucos anos. Pegou-me de surpresa, porque a surpresa pode ser agradável ou desagradável, mas naquele momento eu não estava preparado e nem sabia que ele tinha um filho com problema. O garoto me olhou, conversou comigo, ele gosta muito de esporte. Por tudo isso, eu queria dizer que o esporte nós dá facilidade para nos comunicarmos. E no que vocês fazem lá eu tenho certeza que o esporte está no meio.

Foi comentado aqui pelo Ver. Carlos Alberto Garcia que, muitas vezes, as pessoas não sabem dos seus direitos sociais, esse pai não sabia dos seus direitos sociais e eu o orientei que procurasse os seus direitos.

Eu quero agradecer à Escola Especial Dr. João Alfredo pelo pão, acabei de comer um pedaço; nem sabia que era tão bom assim. (Palmas.) Quero agradecer às direções administrativas, à direção pedagógica, aos assistentes sociais, às psicólogas, neurologistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogas, pedagogas especiais, professores de Educação Física, tão importantes para o desenvolvimento da parte psicomotora, instrutores de várias atividades, como é esse caso da padaria, artesanato, marcenaria; alunos, familiares. Quero agradecer por esta oportunidade, o Partido Trabalhista Brasileiro abraça vocês com muito carinho. Eu e o Ver. Elói Guimarães temos a satisfação, o prazer de recebê-los aqui, esta Casa está honrada com a presença de vocês. Contem conosco, contem com esta Casa, contem com o povo do Rio Grande do Sul! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Dr. Luiz Augusto Gemelli, Presidente da APAE de Porto Alegre, está com a palavra.

 

O SR. LUIZ AUGUSTO GENELLI: Ex.mo Sr. Presidente dos Trabalhos desta colenda Câmara de Vereadores, M. D. Ver. Paulo Brum, sereníssimo Grão-Mestre da muito respeitável Grande Loja Maçônica do Estado do Rio Grande do Sul, Irmão José Wolgermvertz Koelzer Neto, na pessoa do qual cumprimento os membros da Mesa Diretiva dos Trabalhos, já nominados; Il.mo Vereador, meu Comandante Pedro Américo Leal, proponente deste Grande Expediente em homenagem aos 40 anos da APAE/Porto Alegre, na pessoa do qual cumprimento a todos os demais Vereadores e Vereadoras; autoridades presentes, senhores, senhoras, meus irmãos, companheiros rotarianos, senhores da imprensa, funcionários, meus queridos alunos.

Ver.ª Sofia Cavedon, senhor representante do Prefeito, nos ajudem! Não bastam reconhecimentos, nem cooperativas e nem espaço para debate, nós necessitamos é de ação! O lema da Semana Nacional do Portador de Necessidades Especiais é “Educação Especial Garantindo o Direito e Cidadania desde o Nascimento”.

A comunidade apaeana de Porto Alegre sente-se honrada pela homenagem que esta colenda Casa Legislativa presta no dia de hoje, em comemoração aos 40 anos de fundação da nossa APAE. Foram 40 anos de lutas, de derrotas, de vitórias, de erros e de acertos na defesa dos direitos dos portadores de necessidades especiais.

Valorosos companheiros do passado construíram o que é hoje uma verdadeira fortaleza e um marco referencial para todo o Brasil, de um ensino de qualidade, inteiramente voltado para o bem-estar dos nossos alunos, visando a verdadeira inclusão.

A APAE/Porto Alegre mantém atualmente três unidades educacionais de ensino especial: o CADE – Centro de Atendimento e Desenvolvimento do Excepcional, no bairro Santana; a Escola Especial Nazaré, no bairro Glória; e a Escola Especial Dr. João Alfredo de Azevedo, na bairro Vila Nova. Mantendo cerca de trezentos alunos em regime de semi-internato, mantém o programa de filantropia com investimento comunitário, o FIC-APAE, programa que desenvolve uma integração com a comunidade porto-alegrense, visando à prevenção das diversas deficiências e o financiamento de projetos, bem como à educação e à informação da nossa população. Mantemos o programa de transporte escolar gratuito que, só no ano de 2001, atendeu a cinco mil trezentas e noventa e cinco pessoas portadoras de necessidades especiais e trezentos e setenta e um acompanhantes, pertencentes a toda rede privada e pública da nossa Capital, e também os desassistidos pelas políticas públicas sociais.

Desenvolvemos ainda os jogos interescolares, o JOMEX – Jogos Municipais de Estudantes Excepcionais. As olimpíadas, seminários e inclusive o Seminário de Educação Especial do Mercosul, diversos convênios e atividades em defesa dos portadores de necessidades especiais.

Ressaltamos que a APAE/Porto Alegre mantém em suas unidades escolares pedagogas especiais, serviços técnicos administrativos, fonoaudiólogas, psicólogas, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, fisioterapeutas, médicos neurologistas, atividades aquáticas, musicoterapia, artes, marcenaria, culinária, artesanato, fábrica de chocolates, padaria, educação física e desporto, jornal Mãos Dadas, linha de montagem de torneiras, fábrica de velas, informática, lavanderia e serigrafia. Por último, estamos reativando os dois gabinetes odontológicos.

Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, isso é qualidade. Essa é a verdadeira escola inclusiva, administrada pelos pais e amigos dos excepcionais de Porto Alegre, e financiada, praticamente, só pela comunidade. Foram aplicados no processo de ensino e aprendizagem da APAE/Porto Alegre, no ano de 2001, 1 milhão 768 mil 789 reais e 25 centavos. Desses, 1 milhão 012 mil 840 reais e 66 centavos só em filantropia, ou seja, 60% da receita bruta para alunos carentes que necessitam da nossa ajuda.

Ver. Isaac Ainhorn, também temos que falar de coisas ruins, porém, a Prefeitura de Porto Alegre, que tem a obrigação legal, constitucional, de prover o ensino especial, financiou no ano de 2001 projetos específicos para a APAE/Porto Alegre no valor de 39 reais e 62 centavos; valores esses irrisórios frente às necessidades. Salientamos que os recursos foram repassados pelo Governo do Estado, através da Secretaria Estadual do Trabalho e Cidadania e Ação Social, não saiu nada do Orçamento da Prefeitura.

A escola estadual pública especial não é diferente. A comissão de pais da escola pública, que está aqui presente, já foi ao Orçamento Participativo, ao Prefeito, a esta Câmara Municipal, e comprova a falta de atenção ao ensino especial. Este ano, o Secretário de Educação Municipal, após cobrado em documento protocolado no dia 22 de maio – os senhores receberam cópia desse documento - mandou-nos um “não” – que também fornecemos aos Srs. Vereadores - de duas laudas, demonstrando total desconhecimento do assunto, e que, pela falta de consideração, o devolvemos através da Secretária de Administração Municipal, Helena Bonumá, que, até hoje, não nos deu retorno.

Ressaltamos que a Prefeitura de Porto Alegre, conforme prevê o art. 183, parágrafo 1.º da Lei Orgânica do Município, a nossa Constituição Municipal, que este Legislativo criou, deveria ter aplicado só no ensino especial, dos 804 milhões do Orçamento de 2001, considerando 30% para a educação, cerca de, pelo menos, 28 milhões, ou seja, os 12% para o ensino especial previsto na mesma Lei Orgânica do Município. Onde foi parar esse dinheiro? Não está na APAE nem na escola pública. Onde está sendo aplicado e de que maneira? A título de informação, o custo geral de um aluno da APAE/Porto Alegre, por mês, no ano de 2001, foi de 572 reais.

No que se refere ao Orçamento Participativo, indicado pelos representantes do Poder Público Municipal para buscar recursos, informamos que há anos participamos das reuniões, e este ano com mais intensidade, porém, as chamadas demandas do Orçamento Participativo infelizmente e lamentavelmente não contemplam a prioridade para esse segmento. Só nos resta apelar a V. Ex.ªs que, por dever constitucional, aprovam o Orçamento em nível municipal. São vocês, na realidade, que votam o Orçamento e ninguém mais. Por isso é responsabilidade e consciência de cada um de vocês, Vereadores e Vereadoras, decidirem o destino desses alunos que, neste momento, lhes fitam os olhares, e o destino de outras centenas que não têm essa oportunidade, pois já se encontram à margem do processo educacional.

A APAE/Porto Alegre está implantando na íntegra o Projeto Águia, Projeto da APAE Educadora da Federação Nacional das APAEs. Com isso, estamos ampliando o número de vagas em nossas escolas, já neste ano, de noventa a cem novas vagas. Para tanto, necessitamos da colaboração de todos para o financiamento desses Projetos que são necessários, pois as Escolas Municipais de Ensino Especial aqui de Porto Alegre, além de não possuírem novas vagas, os atuais matriculados são excluídos da escola, quando completam a idade de vinte e um anos, agravando a situação. Ressaltamos que essa atitude do Poder Público Municipal é criminosa, pois a Constituição Estadual, em seu art. 214, parágrafos 1.º e 2.º, diz que o Poder Público deve garantir a Educação Especial aos deficientes em qualquer idade, bem como aos superdotados, nas modalidades em que se adequarem, sendo a sua oferta irregular enquadrada como crime de responsabilidade respondido pela autoridade competente. Então não é questão de discutir, é questão de cumprir a Lei. (Palmas.)

Essa é uma situação que deve ser investigada e corrigida, punindo-se os culpados, pois consta em documentos oficiais - vocês receberam também cópia aí -, os regimentos das escolas, a exclusão dos alunos a partir dos vinte e um anos de idade, sendo claro o conflito com a Lei maior. Existe a cópia de um Regimento que os senhores receberam.

É oportuno salientar que já cobramos do Poder Executivo providências. Foi-nos comunicado que não possuem recursos para manter os alunos por mais tempo e por isso os excluem aos vinte e um anos de idade, e ficam à disposição para discutir as leis. Sr.ªs Vereadoras, Srs. Vereadores, leis são feitas para serem cumpridas e não para serem discutidas. (Palmas.)

Por isso estamos encaminhando as nossas reivindicações para compartilharmos juntos dessa verdadeira agonia que os portadores de necessidades especiais estão vivendo em nossa Cidade, para que todos tenham acesso e se mantenham matriculados em uma unidade escolar qualificada e adequada às suas necessidades, solicitamos, inicialmente, previsão no Orçamento de 2003, da Prefeitura de Porto Alegre, da destinação mensal de 99 mil 853 reais e 90 centavos corrigidos, tendo como base as despesas da APAE/Porto Alegre no ano de 2001, e que a Prefeitura de Porto Alegre deve, como contrapartida, conforme consta em nossos balanços contábeis, que vocês também receberam cópia.

A previsão do pagamento das futuras vagas a serem preenchidas, indicadas ou não pela SMED.

A cedência do terreno em antigos casarios da CEEE, Companhia Estadual de Energia Elétrica, localizada em frente a esta Câmara de Vereadores e repassada à Prefeitura de Porto Alegre no último mês de maio.

A previsão no Orçamento de 2003, da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, à destinação mensal de 1 mil 930 reais para custear as despesas do Programa de Passagem Escolar Gratuita para Deficientes e Acompanhantes.

A fiscalização e o cumprimento do art. 183 da Lei Orgânica Municipal, na sua integralidade, inclusive se do entendimento desta colenda Câmara, oficializar ao Tribunal de Contas do Estado, conforme procedimento legal.

Suspensão imediata do limite de vinte e um anos de idade para os portadores de necessidades especiais serem excluídos da escolas municipais.

O atendimento das reivindicações da Comissão de Pais das escolas municipais na sua integralidade.

Uma lei municipal de incentivo e financiamento da educação especial com desconto de 10% do ISSQN para as empresas e pessoas físicas participarem com auxílio ou patrocínio de programas para desenvolvimento das pessoas portadoras de necessidades especiais, desenvolvidas por entidades filantrópicas sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades de ensino especial.

Antes de finalizar, deixo uma mensagem a todos, de autoria do filósofo Aristóteles, há aproximadamente  dois mil e quatrocentos anos: “É mais fácil ensinar um aleijado a desempenhar uma tarefa útil do que sustentá-lo como indigente.”

Vamos deixar as nossas diferenças, as nossas ideologias de lado e vamo-nos preocupar com o bem comum.

Muito obrigado pela compreensão de todos e, principalmente, obrigado aos nossos profissionais e alunos aqui presentes. Vocês precisam de muito amor e muito carinho. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Nós ouviremos neste instante a apresentação dos corais da APAE. São dois corais que farão uma apresentação, para encerrar este nosso Grande Expediente em homenagem aos 40 anos da APAE/Porto Alegre.

 

(Assiste-se às apresentações do Coral da Escola Especial Nazaré, da APAE de Porto Alegre, e do coral da Escola Dr. João Alfredo de Azevedo.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Nós agradecemos por este momento, que mostra a superação das deficiências. Com a manifestação desses grupos, que mostram realmente que não há limite quando se tem um objetivo a alcançar, nós queremos agradecer a presença dos senhores pais, mães, portadores de deficiência, representantes das entidades que aqui participaram, representante do nosso Prefeito; do nosso Secretário de Esporte e Lazer; Cel. Irani Siqueira, querido amigo Dr. Luiz Pinto; o nosso Presidente Luiz Augusto Gemelli, desejando que a APAE não só comemore mais 40 anos, mas que tenha uma vida longa para o bem de todos nós, para o bem das nossas pessoas que tanto necessitam.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 16h35min.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel – às 16h41min): Estão reabertos os trabalhos.

O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, eu quero aproveitar o meu tempo de Liderança para dizer a algumas pessoas que se encontram aqui da APAE que não participei das solenidades em função de que eu teria um outro pronunciamento a ser feito agora neste tempo de Comunicação de Líder. Quero agradecer carinhosamente ao José Luís, lá da APAE, ao Sr. Luís Augusto. Recebi aqui o “apaito”, está aqui, bonitinho, vai para o meu carro. Quero dizer para vocês da minha admiração e que me coloco à disposição de todos vocês da APAE, podem contar com o nosso trabalho para aquilo que for necessário.

Que banho de humanismo nos deram esses meninos, essas meninas, esses professores, essa gente que faz a APAE! Tão simples é a felicidade, e nós dificultando as coisas. Gente, onde é que está o dinheiro da educação especial que deve a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, por Lei? Aonde anda esse dinheiro que a Prefeitura deve por Lei às entidades de educação especial? Nós, Vereadores, não podemos ficar apenas no compromisso da solenidade. Nós precisamos, a partir de agora, ficar cobrando e sabermos, realmente, se as coisas serão feitas. Nome: José Luís Pereira Neto; idade: 35 anos; profissão: projetista e vendedor; atividade: vendedor; salário atual: mil reais, mais comissões e prêmios; estado civil: casado, um filho. Poderia aqui falar, também, do Luiz Hernani da Costa Fontoura, estagiário de arquitetura, do Fábio Leite que tem 27 anos, é motorista, casado, um filho, hoje empregado como vendedor.

A abertura do comércio aos domingos começa a render empregos, novas vagas de trabalho.

Mas, gente, o que esta me intrigando é que a Sr.ª Esther Machado continua afirmando que esta abertura do comércio – Projeto que apresentei aqui, foi derrotado, mas teve ganho de causa na Justiça, que foi votado contra pela maioria dos Vereadores - estaria causando, também, demissões no comércio, afirmando que duzentas e cinqüenta  pessoas foram demitidas no seu trabalho por causa da abertura do comércio aos domingos. Eu confesso que não sou muito afeito a reuniões, porque, na sua maioria, nas reuniões se discute muito, chegando a poucas conclusões.

Adaptei na minha vida, no meu jeito de ser, tomar decisões depois de conversar com as partes interessadas sem reunião, e a coisa fica mais ágil.

Estou pedindo aqui desta tribuna que a minha querida Esther, Presidenta do Sindicato dos Comerciários, me envie a lista das duzentas e cinqüentas pessoas demitidas, para que eu possa, entrando em contado com elas, ficar sabendo o que devo fazer para tratar também, então, desse outro lado da moeda, desse outro lado da história.

Mas, meu Deus! Será que eu estou metido no meio de gente mentirosa? Eu não acredito! Nem que a Dona Esther esteja faltando coma verdade e muito menos os meus amigos da Câmara de Dirigentes Lojistas da Capital.

Peço também desta tribuna que alguém da CDL venha a público e esclareça a respeito dessas demissões ditas pela Presidenta do Sindicato, Sr.ª Esther Machado. Quero saber onde está a verdade!

O que eu quero é que vocês saibam que estou neste meio com apenas um objetivo, só um objetivo: diante de um verdadeiro batalhão de desempregados que me procuram ao longo do dia e todos os dias, eu estou “fissurado” em arrumar emprego para as pessoas, de verdade, de coração. E o jeito que eu posso batalhar pelas pessoas que estão às raias do desespero, desesperançadas, desiludidas da vida é apelar, principalmente, para os homens e mulheres que detêm cargos, que detêm poder de decisão, a parte que me cabe, eu quero fazer. Por isso, mostro esta matéria que o jornal Zero Hora traz hoje, na sua página 14: “Comerciários conquistam novas oportunidades.” Eu gostaria que esta matéria fosse lida por todos vocês, que andam por aí dizendo que eu estou querendo desempregar pessoas, os Srs. Vereadores que votaram contra o Projeto.

Eu quero também falar rapidamente sobre este Projeto que entrei, proibindo propaganda, principalmente, propaganda política nos postes de Porto Alegre.

O meu camarada Ver. Ervino Besson já assimilou a coisa e teve um brilhante raciocínio, aqui, nesta tribuna, a respeito de se proibir propaganda política nos postes: economia do dinheiro público. Só isso! Ah, não basta? Também há o negócio da poluição.

Eu, como eleitor, contribuinte em dia com os meus compromissos junto à sociedade, abro o meu voto: eu não voto em cidadão que suja a Cidade colocando propaganda política em postes!

Ao contrário de outros que vêm aqui nesta tribuna e fazem campanha de forma direta, eu só abri o meu voto exercendo o meu direito de cidadão.

Votei, ontem, a favor da criação da Secretaria Municipal de Segurança Pública, politicamente, e agora espero que o Ver. Nereu D’Avila ache um jeito para que essa nova força policial para a segurança da Cidade tenha mais armas e munições, em todos os sentidos! Do contrário, será apenas mais um projeto político! O Prefeito João Verle e o Ver. Nereu D’Avila se acertando, a sós, numa mesa? É só sonho meu, não é? Na política não é assim, mas deveria ser. Primeiro o interesse social, depois, o partidário. Quem sabe, um dia, conseguiremos isso aí. Quem sabe um dia também essas pessoas que vêm aqui reivindicar a solução de um problema não precisem vir mais, que venham só a passeio procurando lazer e curtir a sua aposentadoria. Quem sabe, um dia, nós, todos nós, criemos um pouco de vergonha na cara e vamos resolver, sem política partidária, o problema da previdência dos municipários. Quem sabe, um dia! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Reginaldo Pujol solicita Licença para Tratar de Interesses Particulares no dia de hoje.

 

(Obs.: Foi aprovado o Requerimento de licença do Ver. Reginaldo Pujol e dada posse ao Suplente, conforme consta na Ata.)

 

O Ver. Beto Moesch está com a palavra em Grande Expediente

 

O SR. BETO MOESCH: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, o grande tema da atualidade, telespectadores do Canal 16, é o desenvolvimento sustentável, tanto que a maior conferência da história da ONU está em andamento em Johannesburgo, África do Sul. Diariamente as principais notícias dos jornais são justamente voltadas a esse tema. Um dos destaques desta semana é sobre uma das matas mais importantes do mundo, que é Mata Atlântica. Poucos sabem, mas onde termina a Mata Atlântica, que se constitui numa das principais biodiversidades do planeta, reserva da biosfera, é aqui, em Porto Alegre. Os remanescentes nativos de Porto Alegre são constituídos de Mata Atlântica, é o final ou o início de uma mata da qual restou apenas 7% em todo o Brasil. Portanto, o porto-alegrense, principalmente nós parlamentares, homens públicos, temos a obrigação não só perante os munícipes de Porto Alegre, mas perante a humanidade, de dar um uso racional ao que restou dessa Mata Atlântica.

O Atlas Ambiental da cidade de Porto Alegre não fala em Mata Atlântica, porque fala em mata ombrófila densa, que é a Mata Atlântica, fala onde ela ocorre na cidade de Porto Alegre, mas infelizmente a Prefeitura não coloca em prática o seu próprio Atlas Ambiental. O próprio Atlas coloca como de fundamental importância o uso racional desse grande patrimônio, desse tesouro ainda a ser usado - ele está sendo dizimado em todo o Estado do Rio Grande do Sul e também em Porto Alegre - através da pesquisa e da ciência. O seu uso deve ser racional, através de estímulos e incentivos. Aqui acontece justamente o contrário. Vejam alguns exemplos: nas praças e parques da Cidade, nós vemos bromélias e jerivás - que é a nossa palmeira nativa - sendo vendidos sem licença; na praça da Encol, no Parcão... A SMAM, que é responsável pelas praças e parques e pela fiscalização da venda desses produtos nativos, deixa isso acontecer à vista de todos, em praças e parques lotados de pessoas. A omissão é total.

O Código Florestal do Estado, o qual com muito orgulho este Vereador coordenou, proíbe a venda de xaxins. Também não é estimulada e incentivada, pelo Estado e pelo Município, a substituição do xaxim por vasos. Se formos em algumas floriculturas e em alguns supermercados, veremos a venda de xaxins. Onde está a SMIC e a SMAM fiscalizando isso? Não fiscalizam!

Então, as matérias trazidas, nesta semana, sobre a mata Atlântica, referentes ao Estado do Rio Grande do Sul - e à omissão do Estado - aplicam-se perfeitamente aqui em Porto Alegre.

Eu poderia falar ainda do palmito, nas pedreiras que temos em Porto Alegre e que também são licenciadas pela Prefeitura. Há pedreiras em áreas de preservação permanente que estão dizimando a paisagem natural e nossa Mata Atlântica. Isso é um desrespeito total à legislação federal, estadual e à nossa Lei Orgânica, a qual juramos respeitar e cumprir, quando tomamos posse aqui nesta Casa.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador) Evidentemente que nós temos preocupações quanto ao ambiente e, no caso dos palmitos, temos que salientar que foi graças à Secretaria Estadual da Saúde que foram feitas momentosas apreensões neste verão, no litoral norte do Estado, e a Brigada Militar, através do seu batalhão ambiental, apreendeu um grande número de aves silvestres. Como vimos ontem, na reunião que V. Ex.ª e eu coordenamos, aqui nesta Casa, esse problema ainda existe em Porto Alegre, mas nós começamos a caminhar num bom sentido. Mas vou ficar atento às suas preocupações e vou, agora, passar um e-mail aos dois Secretários, fazendo uma verificação dessa questão.

 

O SR. BETO MOESCH: Ver. Adeli Sell, agradeço pela sua intervenção, mas o Ver. Ervino Besson, que se preocupa com a Zona Sul da Cidade, onde está o principal remanescente da Mata Atlântica... Ver. Adeli, tomara que os seus e-mails tenham resposta, porque os ofícios da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, pedindo que o Sr. Prefeito e o Sr. Secretário Municipal do Meio Ambiente nos acompanhem, nos dêem uma resposta sobre as invasões em áreas de preservação permanente... O que é que acontece? Nenhuma resposta! Ofícios com mais de um ano, aqui, da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, sem resposta. Tomara que o e-mail de V. Ex.ª repercuta, pois não são só as construções clandestinas que continuam acontecendo, mas, também, vejam, ocorrem loteamentos de classe média licenciados pela Prefeitura em áreas de preservação permanente, em áreas chamadas “de risco”. Muitas outras localidades em áreas de preservação permanente, onde se encontram justamente os remanescentes da Mata Atlântica de Porto Alegre – poucos sabem que temos Mata Atlântica em Porto Alegre, é bom frisar isso -, acabam sendo regularizadas pela Prefeitura. São asfaltadas e regularizadas essas áreas de preservação permanente.

Não há plano habitacional, esse é grande problema, Ver. Raul Carrion, e, por isso, regulariza-se o que não se pode regularizar, o que está proibido pela legislação federal, estadual e municipal.

Nós nos esquecemos – e por isto quero ressaltar a nossa Lei Orgânica – do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, que, segundo o art. 212 da Lei Orgânica, deve delimitar as áreas impróprias à ocupação urbana, por suas características geológicas; deve delimitar as áreas de preservação ambiental, e deve delimitar as áreas destinadas à implantação de atividades com potencial poluidor, hídrico, atmosférico e do solo. Onde é que está isso no Plano Diretor da Cidade? Nós não encontramos. Não está previsto pelo Plano Diretor; portanto, o Plano Diretor que está aí desrespeita o art. 212 da Lei Orgânica do Município, assim como desrespeita o art. 16 do Código Estadual do Meio Ambiente, que este Vereador também coordenou, porque todos os Planos Diretores devem contemplar, com audiências públicas, a avaliação do impacto ambiental que vão proporcionar.

O Plano Diretor foi feito sem avaliar o impacto ambiental na Cidade. E mais, o art. 236 da Lei Orgânica, que aqui prometemos respeitar, cumprir e fiscalizar o seu cumprimento quando tomamos posse, exige a elaboração de um Plano Diretor de Proteção Ambiental, e ainda não temos um Plano Diretor de Proteção Ambiental. Esse Plano Diretor que está aí estimula, incentiva a ocupação, em detrimento da Lei Orgânica, das legislações federal e estadual; principalmente na Zona Sul, onde se encontra, friso mais uma vez, o remanescente de Mata Atlântica de Porto Alegre, um dos poucos remanescentes de Mata Atlântica deste País.

Estamos, justamente, no cenário mundial, discutindo o uso racional das florestas, o uso racional do solo, o uso racional da água, que, por sua vez, depende do uso racional do solo e do uso racional da flora. Não é por menos que todos os nossos arroios, todos os nossos córregos e o nosso Guaíba estão totalmente comprometidos, não só pela poluição do esgoto cloacal, mas porque não se respeita a ocupação do solo e da flora nesta Cidade.

Ou nós, ainda em tempo, passamos a fazer cumprir o que já está na Lei e a colocar em prática as soluções já apresentadas no cenário mundial, ou Porto Alegre só ficará no discurso como uma cidade com plena qualidade de vida. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra, por cedência de tempo do Ver. Luiz Braz, em Comunicações.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente dos trabalhos, Ver. João Carlos Nedel, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, é interessante o tema que propõe o Ver. Beto Moesch, mas a minha vontade é de que ele conseguisse contextualizar um pouco mais essa luta que tão brilhantemente leva, de preservação do meio ambiente, e pudesse perceber que esse modelo que muitas vezes ele defende, e sobre o qual vota aqui dentro questões, é o que mais deteriora o meio ambiente: o modelo que prioriza o capital acima do ser humano, acima do meio ambiente, Ver. Beto Moesch.

Nós queremos V. Ex.ª aqui cerrando fileiras conosco contra outras iniciativas, como o comércio aos domingos, que é, sim, uma vitória do poder econômico de nos transformar em consumidores para consumirmos mais embalagens, para depredarmos mais o meio ambiente. Não pense que o comércio aos domingos é para que as pessoas sejam mais felizes. O comércio aos domingos é para concentrar renda, é para beneficiar as grandes empresas multinacionais, que não têm nenhum compromisso com o meio ambiente.

Nós vivemos hoje com a água poluída, e se não tivermos mais água não será por conta de as pessoas serem displicentes. Não! É por causa da voracidade do poder econômico, e é nessas questões de fundo, que são as maiores causadoras da corrupção do meio ambiente, por isso eu quero que V. Ex.ª cerre fileiras conosco, Ver. Beto Moesch.

 

O Sr. Beto Moesch: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Nós queremos justamente a parceria na defesa do meio ambiente, mas, infelizmente, a política adotada em Porto Alegre como, aliás, pelo Brasil afora, é a mesma política de descuido com o meio ambiente, com uma visão eminentemente capitalista selvagem, sim, sendo o discurso um e a prática outra; é só olharmos a Cidade bem olhada.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Eu me permito discordar. Eu acho que a nossa Cidade tem insistido em investir, por exemplo, no tratamento de esgoto, Ver. Beto Moesch. Há um enorme financiamento sendo buscado para isso. Procure exemplos similares em todo o Brasil para ver se existem. Há investimentos em habitação, em urbanização e, principalmente, em educação ambiental; em envolvimento das pessoas na vida coletiva, na decisão dos rumos da Cidade, na forma como vamos trabalhar no enfrentamento das questões do meio ambiente.

Eu sei que temos deficiências, sei que temos muito a avançar, mas resistimos, aqui, à barbárie, e é isso que temos de perceber; a barbárie do grande capital, das grandes empresas, que vêm aqui e desregulamentam totalmente o comércio aos domingos. Uma decisão esdrúxula do Judiciário, na minha opinião, que obviamente acabou sucumbindo à força do grande capital.

Nós, aqui na Câmara, vamos resistir; esta Câmara foi capaz de repercutir a vontade e a necessidade da população de Porto Alegre, que é uma população que quer qualidade de vida, sim, e que quer os fins-de-semana para a sua cultura, para o seu lazer, para conviver entre os pares e que não aceita ser feliz consumindo.

É uma falácia dizer que vai aumentar emprego. Está comprovado que, toda vez que abre o comércio aos domingos, quem se beneficia são os grandes shoppings; e, imediatamente, na semana seguinte, o comércio de rua, o pequeno e médio empresário perde em vendas. Esse pequeno e médio empresário é o que contrata o funcionário. Porque os grandes empreendimentos colocam caixa eletrônico, self-service, etiquetam tudo, simplificam, não contratam, terceirizam o serviço de reposição do produto para não pagar as leis trabalhistas, ou seja, vai causar, sim, desemprego, além de penalizar terrivelmente o comerciário.

 

O Sr. Raul Carrion: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Ver.ª Sofia Cavedon, em primeiro lugar, me solidarizo com seu pronunciamento, muito objetivo, correto e agregaria alguns argumentos. Primeiro, na maioria das cidades onde é autorizada a abertura do comércio aos domingos, só abrem os shoppings; o comércio de rua, o comércio de bairro não abre porque, economicamente, não convém, já que, nesses dias, as compras são deslocadas para os shopping centers .

Segundo, não há nenhum estudo que mostre que, em qualquer dessas cidades onde abre o comércio aos domingos, foi aumentado um único emprego; ao contrário: todos os estudos indicam que, para cada emprego criado num shopping center, perdeu-se um vírgula seis empregos, quase dois empregos, no comércio de rua.

Portanto, trata-se, hoje, de uma grande demagogia para tentar criar esse consenso forçado na Cidade dos grande grupos econômicos. Abrem-se inscrições para três mil desempregados - é muita demagogia o que nós estamos assistindo, quando os dados objetivos são exatamente no sentido de um maior desemprego.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Obrigada, Ver. Raul Carrion, eu acho que terminas bem o meu pronunciamento.

E eu ainda queria dizer que quem vai mostrar que estão errados esses dados ou que estão erradas essas previsões e que causa desemprego não vai ser o comerciário, que sofre discriminação de ser um empregado, de estar lutando pelos seus direitos corporativos, ele não vai ser; mas serão os micro e pequenos empresários. Esses estão revoltados, estão mobilizados e foram esses que pediram audiência no Judiciário e serão eles que vão mostrar para a sociedade que a sociedade está dando um tiro no pé. Aliás, o Judiciário está fazendo a gente dar um tiro no próprio pé.

O que vai acontecer é a diminuição da qualidade de vida nesta Cidade, e nós vamos resistir, sim, e eu tenho a certeza de que esta Câmara continuará sendo o reflexo da sociedade de Porto Alegre, que é uma sociedade que quer, sim, qualidade de vida e que resiste, sim, à barbárie que o capital quer impingir às nossas vidas. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Adeli Sell está com a palavra, em Comunicações, por cessão de tempo do Ver. Marcelo Danéris.

 

O SR. ADELI SELL: Meu caro Ver. João Carlos Nedel, meus caros colegas Vereadores, Vereadoras, senhoras e senhores, ontem eu já havia lido em alguns sites na Internet e hoje em um jornal de grande circulação da Capital há uma nota extremamente importante acerca da proibição de refrigerantes numa cidade americana. E aí me veio logo a idéia do quanto foi difícil trabalhar nesta Casa um Projeto meu que está na Ordem do Dia, Ver. João Carlos Nedel. Eu já dialoguei com V. Ex.ª, porque, inclusive, no Município de Florianópolis, governado por sua parceira partidária, Ângela Amin, existe um Projeto semelhante, que já está aprovado e está em vigor. É, evidentemente, um pouco mais restrito, mas de grande valia, que é o controle do açúcar na merenda escolar e o controle do que é vendido no bar, na cantina, naqueles espaços dentro das escolas públicas, muitas vezes sem a devida compensação para o colégio.

Eu fiz um Projeto que foi discutido com nutricionistas - e nós estamos tendo agora um grande evento na PUC sobre a nutrição. Nós estamos discutindo muitas vezes segurança alimentar, nós temos de discutir, sim. E também está circulando na Internet - falo isso porque sempre vou atrás para pesquisar a fonte - sobre os malefícios, por exemplo, dos refrigerantes, em especial da Coca-Cola, por ingredientes químicos que estão naquele produto. Li recentemente que esses refrigerantes diet e alguns light, dependendo do tipo de produto que é utilizado para adoçar, sem as determinadas calorias que o açúcar normal tem, também trazem malefício para a saúde.

Então, temos grande preocupação com a alimentação, em particular com a ingestão desenfreada de refrigerantes. Diz, inclusive, que os americanos, por estarem tão acostumados às tais da Coca-Cola e Pepsi-Cola, muitas vezes deixam de tomar água. E nós vimos, hoje, também, os jornais da Capital mostrando que a água será um dos produtos mais disputados no futuro. Nós temos, inclusive, notícias – eu queria salientar isso ao Ver. Beto Moesch – que o nosso famoso “Aqüífero Guarani” poderá estar sendo poluído por produtos químicos. E todos nós sabemos que nós pegamos aqui uma parte substantiva do chamado “Aqüífero Guarani”, que é uma água de subsolo. Não sei bem as questões técnicas, o Ver. Beto Moesch deve saber mais do que eu, inclusive, mas é de uma riqueza monumental, dando para servir de água por anos, anos e anos. E nós já temos, por exemplo, em alguns lugares do mundo, essa penúria, como no Oriente Médio, a disputa, muitas vezes, por um pouquinho de água.

Então, quanto às notícias de hoje, desta semana, sobre a proibição de venda de refrigerante nas escolas em uma cidade americana, é isso que o nosso Projeto coloca: um conjunto de elementos, um conjunto de artigos que vai desde o controle do açúcar na merenda escolar à substituição por produtos efetivamente saudáveis e o controle das cantinas.

 

O Sr. Beto Moesch: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Adeli Sell, apenas para colaborar, até porque o mais importante ainda é que todo o Estado da Califórnia quer proibir a venda de refrigerantes por causa da obesidade. E o “Aqüífero Guarani” pode abastecer toda a população do Brasil, durante dois mil e quinhentos anos, mas, sim, está sendo contaminado, principalmente por agrotóxicos.

 

O SR. ADELI SELL: Por isso é que nós temos que ter todos esses cuidados, por isso é que eu faço questão de usar este tempo, cedido gentilmente pelo Líder da minha Bancada, Ver. Marcelo Danéris. Para marcar esse debate tão importante nós teremos que retomar este debate paulatinamente aqui na cidade de Porto Alegre, uma Cidade de qualidade de vida, que tem uma água controlada há muitos e muitos anos pelo glorioso DMAE. O Ver. João Antonio Dib sabe o quanto foi importante a estruturação do DMAE nesses anos todos, para que tenhamos a água que temos hoje.

Mas nós também temos que cuidar a nossa água, porque é inadmissível que se roube água do DMAE aqui, ao lado da Câmara – coisa que já denunciei – para lavar carro de forma indevida! Isso eu já coloquei várias vezes e vou aproveitar aqui, desta tribuna, para fazer essa denúncia, inclusive, porque nós estamos gastando, aquilo que é um bem público, de forma indevida! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): A Ver.ª Maria Celeste está com a palavra, em Comunicações.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente dos trabalhos Ver. João Carlos Nedel, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, na próxima semana estaremos realizando no Brasil e na América um importante plebiscito popular. Eu gostaria de me manifestar a respeito desse plebiscito porque uma das primeiras vezes que se falou nesta Casa sobre a questão da ALCA foi uma manifestação do nosso nobre colega e Ver. Juarez Pinheiro, que traz como bandeira de luta a luta contra a ALCA.

Fazendo esta referência, eu gostaria também de me manifestar e dizer da importância de cada cidadão e de cada cidadã da Cidade poder estar, a partir do dia 7, contribuindo com essa mobilização, com essa organização e, mais do que isso, estar lá participando com o seu voto, dizendo “não”.

O que significa a ALCA, essa Área do Livre Comércio das Américas? Livre para quem? Ao interesse de quem serve essa questão da ALCA no Brasil e nas Américas? De um lado estão os banqueiros, as corporações, o FMI, o governo dos Estados Unidos e o seu fiel escudeiro aqui no Brasil, o FHC; de outro lado, os povos, os trabalhadores, as trabalhadoras, os jovens do Brasil e das Américas, dizendo “não” a esse aumento de lucros; “não” ao aumento abusivo de lucros. É por isso que eles querem criar a ALCA, para gerar mais desemprego e miséria no Brasil e nas Américas.

Querem também ocupar a Amazônia – tão defendida aqui pelo nosso nobre Ver. Pedro Américo Leal. Estão de olho na base de Alcântara para transformá-la em território dos Estados Unidos.

O que está em jogo, então, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, é a soberania nacional.

Ver. João Carlos Nedel, trago, também aqui uma citação de Dom Demérito Valentim, Bispo de Jales, São Paulo, que diz o seguinte, referente à ALCA: “O que o povo começa a se perguntar – Ver. João Carlos Nedel – é se ainda nós somos os Estados Unidos do Brasil ou se já passamos a ser o Brasil dos Estados Unidos.” Uma referência de um Bispo que está plenamente na campanha e que está articulando o plebiscito no nosso País.

E quais serão as conseqüências que trará a ALCA para nós? Um aumento brutal do desemprego. Atualmente, um em cada cinco trabalhadores está desempregado. Com a ALCA, isso vai piorar, muitas empresas brasileiras vão fechar por não conseguirem concorrer com produtos importados dos Estados Unidos. O acesso à água está ameaçado. Ouvimos, aqui, os Vereadores que me antecederam falando da questão da água, de transformá-la em propriedade hemisférica. Ou seja, propriedade das grandes empresas transnacionais. Da medicina popular aos alimentos, as corporações querem tudo.

Com a ALCA, as transnacionais farmacêuticas poderão patentear e transformar em propriedade qualquer planta ou medicina popular. Olhem a grande ameaça para o nosso Brasil! A educação e a saúde pública serão privatizadas; fim dos direitos sociais e trabalhistas; mais arrocho salarial.

A Amazônia também está na mira da ALCA, e nós aqui, nesta Casa, temos um compromisso com o Ver. Juarez Pinheiro, com o Ver. Pedro Américo Leal, que foram os primeiros a trazer essa discussão para dentro desta Câmara.

A partir da semana que vem teremos um plebiscito ao qual esta Casa não poderá se furtar, inclusive com a possibilidade de ter uma urna nesta Casa, para que os funcionários e todos nós Vereadores possamos estar participando, cumprindo o nosso dever de cidadão e dizendo “não à ALCA”, colocando na urna o nosso voto, mesmo que seja contrário, como o Ver. João Antonio Dib está dizendo. Mas há a possibilidade de que esta Casa esteja participando desse plebiscito e, ao conversar com o Ver. Raul Carrion, ele trouxe a possibilidade de haver nesta Casa uma urna na Semana da Pátria.

Conto com a compreensão da Mesa, da Direção-Geral, e com o esforço de todos nós, Vereadoras e Vereadores, para que possamos concretizar a verdadeira política através desse plebiscito. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra, por cedência do tempo da Ver.ª Maristela Maffei, em Comunicações.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, estou ocupando o período de Comunicações da Ver. Maristela Maffei. Não iria fazê-lo, mas percebi aqui na página de Economia do jornal Zero Hora uma reportagem sui generis ocorrida hoje com o título de “Comerciários conquistam novas oportunidades.” E há três cidadãos aqui, todos eles declarando que vão ser admitidos, alguns pela loja Moda Casa, devido à abertura do comércio aos domingos. Alguns, inclusive, estimando ganhar quatro vezes mais do que ganhavam antes.

Eu vou no diapasão da Ver.ª Sofia Cavedon. Ver. João Antonio Dib, todas as economias que são saudáveis e sustentadas basearam-se numa rede sólida de pequenas e médias empresas. Não é para menos que há um elogio permanente e programas nacionais e regionais em defesa das pequenas e médias empresas, às vezes, inócuos. Mas existem pelo reconhecimento, primeiro, pela capacidade de adaptar-se às conjunturas econômicas; segundo, pela absorção de mão-de-obra; terceiro, pela capacidade de se regionalizar e se ampliar. É evidente que não há fato econômico na conjuntura que determine um aumento da massa salarial disponível para que se possam aumentar as vendas. Se houver, é pequeno; é insignificante, e elas estão distribuídas ao longo da semana, mas há aqueles que acham que basta abrir as portas, como aconteceu no domingo passado, e o foco é mostrar só as pessoas passeando nos shoppings. Eu gostaria de ver a contabilidade dessas lojas que divulgam vendas de até 30%, quando eu tenho informações de lojistas de que as pessoas foram lá devido ao calor de trinta e cinco graus. Foram passear no shopping - para isso não precisavam abrir as lojas -; aliás, é comum haver uma invasão das pessoas nos shoppings nos fins-de-semana por causa do ar-condicionado. Os proprietários daqueles estabelecimentos de lojas ficam completamente em polvorosa, porque vêem aquele conjunto de pessoas - só está funcionando a praça de alimentação e o cinema - e ficam imaginando “que bom se as lojas abrissem”, porque todo mundo compraria. Não é verdade! Não existe massa salarial acrescida para essa compra. E há essa fantasiosa idéia de que vamos aumentar em cinco mil os postos de trabalhos.

O que vai haver é um deslocamento, uma concentração das compras, aí, sim, nos fins-de-semana. Em benefício de quem? Aí sim, dos shoppings, pela situação de comodismo que eles adquirem. Ver. João Antonio Dib, V. Ex.ª, que é um homem conhecido pelas posições em defesa dos interesses das pequenas e médias empresas, do emprego, não pelo embalo da conjuntura, não entendo como V. Ex.ª apóia isso, a liminar que suspende a Lei n.º 7.109, uma lei negocial, uma lei que faz com que os dois lados sentem à mesa equilibradamente. V. Ex.ª não é coerente, V. Ex.ª é favorável à abertura. Mas justifique, demonstre, mas demonstre com exemplos nacionais e internacionais. Não nos venham com o discurso de que nós somos um País de Segundo Mundo, porque o Primeiro Mundo abre o comércio aos domingos. Não é verdade! Nas principais capitais européias o comércio não abre aos domingos; preservam o fim-de-semana, o domingo. Aqui não se pode reduzir o debate à mera questão do direito de folga dos comerciários; é uma questão de luta econômica, de disputa de mercado de consumo, é isso que está em causa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Nereu D'Avila está com a palavra, em Comunicações. Ausente. O Ver. Luiz Braz está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Paulo Brum.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Paulo Brum, no exercício da Presidência, eu agradeço a V. Ex.ª pela cedência de tempo; Ver. João Carlos Nedel, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, senhoras e senhores, saúdo, mais uma vez, o meu amigo Antônio Prestes do Nascimento, um dos grandes advogados do Tribunal do Júri e que vem engrandecer esta Casa com a sua participação, dentro da Bancada do PFL. Fico muito feliz pela sua presença, não só por causa da nossa amizade, mas por causa da grande capacidade que V. Ex.ª tem e que, por isso, vem dar uma colaboração sem precedentes ao trabalho que nós executamos aqui nesta Casa.

O tema que foi trazido aqui, nesta tribuna, pelos oradores que me antecederam, foi o tema do “Domingo Não”, do trabalho no domingo ou do não-trabalho no domingo, por parte dos comerciários.

Desde que começou este debate, Ver. Pedro Américo Leal, tenho-me posicionado contrário à aprovação do Projeto que poderia permitir a abertura do comércio aos domingos, mas não porque eu seja contrário a que o comércio seja aberto aos domingos; eu sou extremamente favorável à abertura do comércio aos domingos. A única coisa que me move contrariamente à tese da abertura do comércio aos domingos é o problema de o empregado do comércio não ter nenhum tipo de proteção. É uma abertura pura e simples, que pode fazer com que o empregado do comércio seja subjugado a trabalhar de uma maneira quase escrava. Isso realmente me aterroriza, porque eu não gostaria que isto estivesse acontecendo comigo. Eu não me importaria de trabalhar aos domingos, como eu já trabalhei muitas vezes, até porque, desde os meus treze anos de idade, eu trabalho no campo da Comunicação, e no campo da Comunicação nós não temos dia para o trabalho. Mas eu acredito que o empregado tem que ter algum tipo de ressalva para que o seu domingo não seja um dia comum.

O empregado do comércio estava recebendo pelo seu domingo cerca de vinte e poucos reais. Esse dinheiro, vinte e poucos reais, está sendo negado para o empregado que está indo agora para o trabalho. Mas não para todos. Eu encontrei um amigo meu, o Dr. Eduardo Tevah, um cara a quem eu admiro muito, pela sua lisura, pela sua honestidade, e o Eduardo me disse o seguinte: ele fez um trato com os seus empregados, Ver. João Antonio Dib, pelo qual, para trabalhar no domingo, o empregado ganha a comissão dobrada, ele ganha a comissão em dobro. E ele fez esse trato exatamente para que o empregado pudesse-se sentir bem. Se os outros empresários agissem dessa mesma forma, eu duvido que, nesta Casa, pudesse surgir alguma resistência ao trabalho aos domingos. Não surgiria.

Eu sou favorável a que, trabalhando-se aos domingos, se possa ter novas vagas para os desempregados. Disseram as autoridades no campo do comércio que nós vamos ter novas vagas, mas até agora surgiram poucas. Eu quero ver quantas mais podem surgir. Eu ontem conversava com o pessoal do Sindicato dos Comerciários, com o pessoal do SINDEC. Eu disse que agora nós temos um elemento novo, Ver. Pedro Américo Leal, para analisarmos. Qualquer Projeto que passar aqui por esta Casa, qualquer um dos Vereadores que for votar, de qualquer uma das Bancadas, terá que analisar este ingrediente novo: será que nós vamos causar desemprego se nós, agora, com algum tipo de legislação proibirmos o trabalho aos domingos? Ou será que não tinham razão os lojistas, e, na verdade, o trabalho aos domingos não vai trazer nenhum tipo de vaga a mais para os desempregados? E nós vamos ter um processo de escravidão com os que já estão aí? Eu acho que é uma análise, Ver. Estilac Xavier, a que nós não podemos nos furtar de fazer. E o nosso voto tem que passar por essa análise de todos nós, para depois votarmos “sim” ou “não” a qualquer Projeto aqui nesta Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Dib está com a palavra, em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Pedro Américo Leal.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, corria o mês de maio de 1995, e o competente advogado trabalhista que mantinha, pelo menos, um dos melhores escritórios de causas trabalhistas em Porto Alegre era o Prefeito desta Cidade. Entrou com um pedido de inconstitucionalidade de uma lei por ele proposta e obteve a liminar concedendo a inconstitucionalidade. Imediatamente tirou do bolso dos servidores municipais, de dentro do bolso dos servidores municipais 7,8 % a que tinham direito. Tinham direito a 11% de reajuste, e ele apenas deu 3,2 %.

Caiu a liminar, ele não devolveu o dinheiro e continuou lutando na Justiça. Deveria ter devolvido, como eminente advogado trabalhista. Agora o SIMPA ajuizou a ação, o SINDICÂMARA ajuizou a ação, e ambos ganharam na Justiça. Nota do Correio do Povo de ontem diz o seguinte: “Aposentado obtém o fim de descontos. O Sindicato dos Municipários de Porto Alegre, SIMPA, obteve na 1.ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça a suspensão do desconto da alíquota para a previdência dos servidores municipais aposentados.

As 400 ações individuais ajuizadas até agora obtiveram vitória com base na Emenda Constitucional n.º 20 e no art. 557, § 1.º, letra a, do Código de Processo Civil.

A decisão foi do desembargador Antonio Corrêa Palmeira da Fontoura, que relatou o Agravo de Instrumento impetrado pelo SIMPA. Os magistrados têm embasado suas sentenças também no fato da existência de jurisprudência na Justiça gaúcha e nos Tribunais Superiores em relação ao assunto. Nas ações, o SIMPA requereu o fim dos descontos previdenciários e a devolução dos valores cobrados de setembro do ano passado até hoje.”

Eu acho que a Procuradoria do Município vai aconselhar o Prefeito João Verle, e eu fiz ontem uma solicitação ao Ver. Marcelo Danéris, Líder do PT nesta Casa, para que fizesse um contato com a Secretaria de Administração e Secretaria da Fazenda e, no mínimo, imediatamente, fosse suspensa a cobrança dos 4,75%, que aliás está provado que não devem ser cobrados. Eu espero que isso venha de parte da Prefeitura sem maiores problemas, já que alguns cheques e contracheques, eu vi ontem, já não têm mais o desconto. Se a Prefeitura aceitou: para um não tem, deve ser igual para todos.

Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há três tipos de governos, segundo o pensador: O que faz acontecer, o que assiste acontecer e o que não sabe o que está acontecendo. E aqui falam da ALCA. Eu acho que o maior consumidor do mundo é exatamente os Estados Unidos, é o que mais compra, não é o que mais vende, é o que mais compra, é o que mais importa. E eu acho melhor o Governo participar do acontecimento, olhar o que está acontecendo, não é conveniente não saber o que acontece. Até os próprios quesitos formulados para o plebiscito não são nem inteligentes, são de quem não conhece, mas tudo bem! A minha Bancada não tem nenhuma contrariedade, inclusive assinou para que seja colocada uma urna, aqui, mas eu acho que é melhor fazer acontecer. É melhor participar do acontecimento do que negar o acontecimento e depois pagar os frutos desse acontecimento.

Mas também, Sr. Presidente, eu fui Diretor do DMAE duas vezes, e ao meu tempo havia o Centro de Estudos de Saneamento Básico, que era um grande orgulho para o DMAE e, de repente, não gostam assim: o tapete está limpo, bonito, arrumado e ninguém joga lixo, mas se está todo sujo posso jogar lixo.

O Guaíba não está condenado não, o Guaíba tem lugares ainda, e muitos, onde é possível tirar um copo de água e tomar com a maior tranqüilidade, não nas margens, é claro. É bom dizer que ele não está morto, ele está bem cuidado até certo ponto, mas precisamos cuidar muito mais. Mas não vamos dizer que ele está morto, porque senão jogamos mais lixo, colocamos mais esgotos e criamos muito mais problemas. Vamos colocar bem certo: o Guaíba não está morto, cuidemos dele que é muito importante. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Antônio Prestes está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ANTÔNIO PRESTES: Ex.mo Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, eu assumi, ontem, substituindo o Ver. Reginaldo Pujol. Como já disse, agradeço também aos Suplentes que me antecedem. Quis a sorte que se prolongasse por mais um dia, mas também, graças a Deus, o nobre Ver. Reginaldo Pujol já está bem, está recuperado e amanhã estará presente com V. Ex.ªs. Esses dois dias, Sr. Presidente, em que estive neste Legislativo, tenho a certeza de que serviram de muita experiência para a minha vida profissional. Como disse, ontem, trabalhei durante doze anos neste Legislativo, sempre acompanhando o trabalho diuturno dos Parlamentares desta Casa. Agora levo para a minha vida pessoal e profissional exemplos de como se trabalha num Legislativo Municipal. Fico feliz em ver a assiduidade dos Vereadores em todas as Bancadas e poderei continuar dizendo que o Legislativo Municipal de Porto Alegre é um dos melhores que conheço neste País.

Quero agradecer, de modo muito especial, ao Líder do meu Partido, meu querido irmão, Ver. Luiz Braz, pela sua gentileza, pelo seu cavalheirismo, pela galhardia, pela elegância com que me conduziu até este Legislativo. Quero agradecer, de um modo também muito especial, a todos os Vereadores e Vereadoras de todas as Bancadas que me receberam com carinho. Eu posso até dizer que não sou merecedor de tanta atenção, de tanto carinho. Talvez seja, nesses quatro anos desta Legislatura, a última vez que assumo neste Parlamento, mas saio agradecido, fortalecido e sabedor de que, se um dia puder voltar a esta Casa, aqui serei bem recebido.

Quero dizer mais: dentro das minhas limitações, na minha profissão de advogado criminalista e de professor universitário, estarei sempre à disposição de V. Ex.ªs. Eu sei que nós, que trabalhamos em gabinete, sempre estamos à procura de um amigo para solucionar determinados problemas, e, muitas vezes, a solução não está ali. Mas um profissional pode dar uma outra orientação, e é a isso que me disponho. Deixo, como disse ontem, um projeto de lei e alguns pedidos de providências, e peço - se é que posso pedir - a V. Ex.ªs que, ao estudarem o projeto, o analisem com carinho, porque foi feito com muita responsabilidade, com muita dedicação. Tenho a certeza de que, uma vez aprovado, o meu Projeto será de grande utilidade para toda a sociedade de Porto Alegre.

Sr. Presidente, despeço-me, agradecendo a todos pelo carinho, o apreço e o cavalheirismo com que me receberam nesta Casa. Aos funcionários, também, o meu abraço pessoal e a certeza de uma amizade imorredoura. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Raul Carrion está com a palavra, em Comunicações.

 

O SR. RAUL CARRION: Ex.mo Ver. Paulo Brum, que preside os trabalhos na tarde de hoje, demais Vereadores, Vereadoras, todos que nos assistem também nas suas residências, no dia de hoje, eu queria tratar, neste tempo, de dois temas. Primeiro, um tema que tenho abordado inúmeras vezes nesta Casa e que hoje volta à discussão, que é a questão da abertura indiscriminada, desregulamentada do comércio aos domingos e feriados nesta Cidade. Tenho falado longamente sobre o absurdo jurídico que é uma liminar que se opôs a uma decisão transitada em julgado, do Pleno do Tribunal de Justiça do Estado. Mas, parece que em tempos de neoliberalismo tudo é possível e até o Direito deixa de ter lógica. Mas hoje eu queria, rapidamente, dar o entendimento da Bancada do PC do B, do ponto de vista do conteúdo.

Primeiro, a abertura do comércio aos domingos, sem qualquer acordo, sem qualquer regulamentação é, em primeiro lugar, a escravização da categoria comerciária. É retornar para o século XIX, porque não cansarei de relembrar a todos aqui que em 1884, quatro anos antes da Abolição da Escravidão, esta Cidade aprovou a lei do fechamento das portas aos domingos, antecipando a abolição da escravidão e fazendo com que o comerciário, a comerciária pudessem estar no domingo com a sua família. Que modernidade é essa que retorna para antes da escravidão?

Segundo lugar, a abertura do comércio de forma indiscriminada é a ruína dos micro, pequenos e médios comerciantes, especialmente os de vila, os de bairro e os de rua, mesmo no Centro. É a ruína dos artesãos, das feiras de artesanato. Domingo passado estava no chamado Brique da Redenção, na Av. José Bonifácio, na ARTEFIN, e inúmeros artesãos vieram falar comigo: “Vocês têm de fazer alguma coisa. A abertura do comércio nos causa um prejuízo enorme!” Então, não é só o prejuízo dos comerciários e comerciárias. É o prejuízo de amplos setores do comércio, é uma disputa entre o grande capital comercial e o pequeno capital comercial, que luta para sobreviver. O nosso lado está definido, ao lado dos comerciários, ao lado dos pequenos e médios comerciantes.

Terceiro, e alguns não atentam a isso, ela é um prejuízo a médio e longo prazo para o consumidor, que hoje tem a facilidade, numa Cidade com inúmeros centros, policentrada, de comprar o essencial, o corriqueiro, na ferragem da esquina, no armazém do lado, na pequena loja de miudezas da quadra, que serão dizimadas, e teremos uma Cidade onde o comércio se concentrará, enormemente, na mão do grande capital, e, principalmente, nos shopping centers.

Resumindo: é um prejuízo para a classe comerciária, é prejuízo para os pequenos, médios e micros comerciantes e é prejuízo para o consumidor, a médio e longo prazo. O único beneficiado é o grande capital comercial, e, fundamentalmente, os grandes empreendimentos, chamados shopping centers, que são empreendimentos imobiliários, não empreendimentos comerciais.

E alega-se que vão abrir empregos, e vejo a preocupação do Ver. Haroldo de Souza neste sentido, de que vão ampliar os empregos. Ver. Haroldo de Souza, não há um dado que comprove isso. São Paulo, por sinal, é uma cidade onde o comércio abre aos domingos. Há o maior desemprego do País em São Paulo: 20% da população urbana.

 

O Sr. Haroldo de Souza: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Raul Carrion, tenho V. Ex.ª como um dos homens que têm mais presença de tribuna, fala bonito. Só quero praticidade. Por gentileza, tudo isso que V. Ex.ª está falando, traga as pessoas para cá para a gente discutir, porque essa ladainha já está começando a perturbar as outras pessoas. É muito discurso; vamos ao lado prático da coisa.

 

O SR. RAUL CARRION: Ver. Haroldo de Souza, agradeço pelo aparte. Quero dizer que V. Ex.ª trouxe esta discussão hoje aqui, agora, quem traz o assunto não pode dizer que depois se desgostou como os outros tratam do assunto, ou V. Ex.ª acha que dá a palavra final nesta Casa e os demais Vereadores não têm por onde opinar? V. Ex.ª se equivoca, pois V. Ex.ª trouxe a discussão e agora foge dela; essa é a realidade.

Sr. Presidente, esgotou-se o meu tempo, solicito tempo de Liderança.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o segundo tema que eu queria trazer aqui é que temos a última Sessão desta Casa antes do início do plebiscito sobre a ALCA, que muito corretamente a Ver.ª Maria Celeste iniciou a discussão e a trouxe para cá. Em primeiro lugar, eu queria dizer que um conjunto de Vereadores desta Casa encaminhou para a Direção Administrativa um pedido que passo a ler, que certamente será escutado: (Lê.) “Sr. Presidente: Vimos, por meio deste, requerer a instalação de uma urna na Câmara Municipal de Porto Alegre, de 1.º a 7 de setembro, a fim de oportunizar aos funcionários, visitantes e parlamentares a participação no plebiscito sobre a ALCA.” Eu queria primeiro ler esse comunicado para que a própria população, os funcionários e todos possam votar sobre esse tema; e quero dizer que esse pedido foi assinado por Vereadores de praticamente todas as Bancadas, mostrando que a questão da ALCA é um tema da nacionalidade que precisa ter uma resposta da opinião pública nesse plebiscito.

Eu queria tecer algumas considerações sobre a ALCA. Primeiro, quero lembrar que, já em 1823, o nascente império norte-americano, por intermédio do seu Presidente James Monroe, já havia declarado: “A América é para os americanos”. Naquele momento alguns entenderam que era uma forma de deter o colonialismo europeu na nossa América. Tinha esse significado, Ver. Pedro Américo Leal, mas tinha um significado muito mais perigoso, que era o de não permitir o colonialismo europeu aqui na América, mas colocar o domínio do império norte-americano sobre toda a América. E logo se seguiu a anexação da metade do México pelos Estados Unidos, a ocupação de Cuba, a incorporação de Porto Rico, os Estados Unidos adonaram-se do Panamá, invadiram mais adiante a República Dominicana, fomentaram golpes militares de governos fantoches em toda a América Latina.

Hoje, o gen. Colin Powell coroa esse expansionismo que é a ALCA, dizendo a realidade sobre a ALCA. Vejam o que diz o Gen. Colin Powell, Secretário de Estado do Governo Bush: (Lê.) “O nosso objetivo com a ALCA é garantir para as empresas norte-americanas o controle de um território que vai do Pólo Ártico até a Antártida e livre acesso, sem nenhum obstáculo ou dificuldade, de nossos produtos, serviços, tecnologia e capital em todo o hemisfério.” Está aqui, desnudado por um general norte-americano, o verdadeiro objetivo da ALCA.

Nós poderíamos traduzir essa sigla, Ver.ª Sofia Cavedon, da seguinte forma: ALCA: A – L – C – A, “Acordo para Livre Colonização das Américas”. É para isso que o povo brasileiro irá, no plebiscito de 1.º a 7 setembro, com uma urna nesta Casa certamente - urnas nos sindicatos, nas associações de bairro, urnas volantes como na Esquina Democrática e em outros locais -, dizer não à recolonização das Américas pelos Estados Unidos.

Falam os liberais “de carteirinha” em livre comércio, mas a pátria do livre comércio, os Estados Unidos, há poucos meses, Ver. Pedro Américo Leal, simplesmente colocou barreiras sobre o aço brasileiro e o aço de todos os países que podem competir com eles. Subsidia, e ampliou o subsídio com bilhões de dólares a cada ano, a sua agricultura, que é uma agricultura ineficiente, para que possa concorrer com a nossa agricultura. Colocam quotas, colocam taxações, Ver. Haroldo de Souza - nesse ponto, creio que nós temos uma visão conjunta - que chega a 492 dólares por tonelada para o nosso suco de laranja.

Então, que livre comércio nós teremos, quando o império do Norte não respeita a OMC, não respeita livre comércio nenhum! E nos impõe um livre comércio somente a nós, Ver. Paulo Brum, que também tenho certeza de que comparte da mesma indignação contra tanta hipocrisia!

Por isso, concluo, queria chamar a atenção de toda a população de Porto Alegre para que compareça em massa na votação do plebiscito da ALCA e diga não à ALCA! Diga não, também, à entrega da Base de Alcântara, que é outra questão de que esse plebiscito tratará!

Então, em nome da Bancada do PC do B, agradecemos à ouvida de todos os Vereadores. E temos certeza de que mesmo o Ver. Antônio Prestes não estando no seu mandato aqui virá para dizer não à ALCA, para dizer sim à soberania, para dizer sim à integração dos povos! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Ervino Besson está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, meu caro colega, Ver. Antônio Prestes, V. Ex.ª abrilhantou com a sua presença esses dois dias de Plenário. Mas, V. Ex.ª vai retornar novamente e temos certeza de que a Casa e a Cidade vão ganhar com a sua presença aqui, lutando com os problemas da nossa Cidade e do nosso povo.

Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, eu tenho recebido alguns telefonemas de pessoas ligadas ao carnaval, depois de havermos votado, ontem, aqui nesta Casa, onde foi aprovado o Porto Seco, para que ali fosse construída a pista de eventos, até porque o Plano Diretor é claro, diz que um dos locais poderia ser ali no Porto Seco. E a Câmara, por vinte votos favoráveis, um contra e três abstenções, votou favoravelmente àquele local para ali ser construída a pista de eventos. Só que há uma coisa que nos preocupa, pelos telefonemas que recebi de pessoas ligadas ao carnaval nos dizendo que não são favoráveis a que naquele local fosse construída a pista de eventos. Inclusive, pessoas aqui que participaram da Comissão Externa, quando esta Casa discutiu os problemas ocorridos no último desfile de carnaval de nossa Cidade, que era presidida pelo Ver. Humberto Goulart e outros Vereadores desta Casa, onde foi discutido, havia vários locais, vários interesses das comunidades que queriam a pista de eventos, como a Restinga e outros locais, mas essa Comissão, e é aí que quero me deter, Ver. Elói Guimarães, as pessoas colocaram que essa discussão do Porto Seco..., é preciso pesar a opinião das entidades, das pessoas que se envolvem durante todo ano no nosso carnaval. Parece-me que aí faltou alguma coisa. Faltam poucos meses para o próximo desfile de carnaval. No nosso entender, faço um apelo a esta Casa para que se forme uma Comissão, juntamente com as entidades carnavalescas, com a Secretaria da Cultura, alguns Vereadores, pois temos Vereadores que participam da história do carnaval da nossa Cidade, para reacender essa discussão, retomar essa discussão. O próximo desfile de carnaval ainda vai ser na Av. Augusto de Carvalho, não vamos ter pista de eventos para o próximo ano. Precisamos fazer uma ampla discussão com as entidades para determinar como vai acontecer o desfile dos carros alegóricos, de toda a estrutura para que não aconteça mais o que aconteceu no último desfile de carnaval. Aproveitando essa Comissão para retomar a discussão do local onde será construída a pista de eventos, lá no Porto Seco. As entidades sabem que não é fácil colocar uma escola na pista nos dias de hoje. A situação econômica desse povo não é nada fácil. Portanto, temos que retomar essa discussão, mas de uma forma urgente, para que a Casa, juntamente com a Secretaria de Cultura, tomem um caminho que venha a beneficiar todas essas pessoas que se envolvem nesse grande evento, evento de maior popularidade aqui do nosso Estado e reconhecido até pelos países do Exterior. Fica aqui este apelo para que retomemos essa discussão, para não acontecer novamente o que aconteceu no último carnaval. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra, para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente em exercício, Ver. Paulo Brum. Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores. A semana que vem será da maior importância para esta Casa e para este País, quando iniciaremos a discussão e votação de um projeto que envolve cerca de cem mil pessoas, sendo dessas vinte e cinco mil servidores públicos municipais ativos e inativos. Vamos votar o projeto definitivo da previdência, mantendo aqueles patamares de 100% para as nossas pensionistas, um cálculo atuarial que vai fazer a fixação do valor da contribuição, que é obrigatória pela Emenda Constitucional n.º 20 e, acima de tudo, mantendo a previdência pública, que é muito mais econômica para o Município, que é mais segura para os servidores e que, também, é mais barata para os próprios servidores relativamente à previdência privada. Hoje, sem dúvida nenhuma, esta Câmara de Vereadores acertou no mote do que é a pauta.

Ver. Pedro Américo Leal, na primeira semana de setembro se realizará o plebiscito nacional, objetivando discutir a questão da Área de Livre Comércio das Américas. Esse é um tema que já tratamos há quatro anos e é o principal tema do nosso mandato e estaremos decidindo, na verdade, a população opinando se vamos legar para os nossos filhos, para os nossos netos, um País, uma Pátria, uma Nação, Ver. João Antonio Dib, ou se vamos legar para nossos filhos, nossos netos, na verdade, uma colônia. O Ver. João Antonio Dib com a inteligência que o caracteriza, sabendo que trato desse tema há muitos anos, questionou-me: “Juarez, temos de ser mesmo contra a ALCA?” Eu mesmo vendo uma posição não vacilante, mas uma posição com argumentos do Ver. João Antonio Dib, disse-lhe que tínhamos de ser contra a ALCA. Apresentei dois ou três argumentos que o tempo me permitiu, mas, acima de tudo, o que nós estamos discutindo nessa matéria é, na verdade, um projeto estratégico, que é o sonho americano de fazer com que os seus interesses venham do Alasca à Patagônia. Esse é um projeto estratégico para os Estados Unidos, que perdeu grande parte do Mercado Comum Europeu, da Europa, perdeu mercados na Ásia, está num processo de recessão violento e precisa, para manter o seu modelo econômico, explorar os países pobres da América Latina.

Nós temos uma experiência no NAFTA, que é composto pelos Estados Unidos, Canadá e México, onde 49% das famílias mexicanas, em 1994, eram pobres no início daquele bloco do Norte. Hoje, temos 79% das famílias mexicanas empobrecidas, um meio ambiente absolutamente depauperado, e isso deve chamar a atenção de todos. Nesse bloco econômico, Ver. Pedro Américo Leal, qualquer legislação que for feita, que vá de encontro aos interesses das grandes empresas, dos grandes monopólios privados é submetida a um tribunal, porque os países não têm mais soberania para confeccionar suas próprias legislações, não podendo, sequer, produzir legislações que impeçam a livre circulação dos capitais. E o interessante é que, nesse tipo de projeto que interessa apenas aos Estados Unidos, aos monopólios privados, os mexicanos querem a livre circulação de capitais, mas erguem um muro por toda a fronteira entre Estados Unidos e México, impedindo que aqueles trabalhadores mexicanos possam ingressar no mercado americano. Mas que livre comércio é esse? Que integração é essa? Nós queremos, logicamente, outra integração.

Eu disse ao nobre Ver. João Antonio Dib que existe um Embaixador, que foi demitido pelo Governo de Fernando Henrique Cardoso, chamado Samuel Pinheiro, que disse a seguinte frase: “Há vida além da ALCA.” Nós podemos manter nossas relações com o resto do mundo sem submetermo-nos a um projeto que apenas retira as barreiras tarifárias, mantém as barreiras não-tarifárias, gera um processo de desindustrialização violento nos países pobres, retira direito dos trabalhadores, faz com que haja no meio ambiente uma deterioração impressionante, porque as empresas não se submetem mais às leis dos países, e, acima de tudo, a Base de Alcântara é um pouco já isso, ou seja, significa aceitarmos, de cócoras, que venhamos a ser taxados de colônia. Portanto, eu acho que este País vai honrar a sua tradição histórica política. Temos a décima economia do mundo, não precisamos nos submeter a esse projeto estratégico para os Estados Unidos, temos condições de ter um outro modelo econômico e de continuar negociando no mercado mundial com condições muito melhores que nos submetermos a essas imposições do imperialismo norte-americano.

Portanto, é interessante, e eu finalizo dizendo que a Câmara de Vereadores, que é uma referência nacional, ao ter aqui uma urna onde as pessoas possam se manifestar sobre a ALCA, sinalize a importância do tema para a nossa Cidade, para o nosso Estado e para o nosso País. Tenho a certeza de que o Brasil não deixará passar essa proposta e que nós vamos legar aos nossos filhos uma Pátria, uma Nação, vamos continuar soberanos e não uma colônia. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 2607/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 154/02, de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que proíbe a afixação de faixas, cartazes e placas para divulgação de eventos, promoções, serviços e produtos de qualquer espécie e propaganda política em postes, árvores, abrigos de paradas de ônibus, pontes, viadutos e similares, dentro dos limites do Município de Porto Alegre.

 

PROC. 2645/02 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 014/02, de autoria do Ver. Adeli Sell, que altera a Lei Complementar nº 306, de 23 de dezembro de 1993, que institui hipóteses de responsabilidade pelo pagamento do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN – e dá outras providências.

 

PROC. 2694/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 161/02, de autoria da Ver.ª Maria Celeste, que denomina Rua Hilma Klein Cardoso um logradouro público não-cadastrado, localizado no Bairro Mário Quintana.

 

PROC. 2705/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 055/02, que altera os limites da AEIS II – Vila Canudos, situada na MZ8/UEU014/subunidade 06, instituída pela Lei 8.150/98, com a incorporação das áreas denominadas Vila Parque Belém e COOTRAPOA, cria a subunidade 04 na UEU020, institui regime urbanístico e dá outras providências.

 

PROC. 2657/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 157/02, de autoria do Ver. Luiz Braz, que institui o Dia do Médium no Município de Porto Alegre.

 

PROC. 2689/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 160/02, de autoria do Ver. Ervino Besson, que autoriza o Município a implantar telas de proteção nas bocas-de-lobo da rede de esgoto.

 

PROC. 0507/93 - SUBSTITUTIVO Nº 03, de autoria do Ver. Raul Carrion, que  estabelece diretrizes gerais de fomento à construção habitacional, realização de melhoria, expansão de infra-estrutura e equipamentos urbanos e saneamento destinados às cooperativas habitacionais autogestionárias e populares no Município de Porto Alegre, e dá outras providências, ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 010/93, de autoria do Ver. João Motta.

 

PROC. 2397/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 143/02, de autoria do Ver. Fernando Záchia, que denomina Praça Joaquim Rache Vitello um logradouro público não-cadastrado, localizado no Bairro Auxiliadora.

 

PROC. 2631/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 092/02, de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia, que concede o prêmio artístico “Lupicínio Rodrigues” à Cantora Lourdes Rodrigues.

 

PROC. 2673/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 159/02, de autoria da Ver.ª Maria Celeste, que dispõe sobre a instalação de placas escritas em braille e outros equipamentos nos terminais e corredores de ônibus, destinados à informação de pessoas portadoras de deficiência visual e dá outras providências.

 

PROC. 2678/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 054/02, que declara de utilidade pública o Instituto Popular Arte-Educação – IPDAE.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 2175/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 129/02, de autoria do Ver. Nereu D’Avila, que normatiza o funcionamento dos estacionamentos de “shopping centers”.

 

PROC. 2489/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 146/02, de autoria do Ver. Almerindo Filho, que institui a Semana Municipal de Doação de Sangue.

 

PROC. 2545/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 148/02, de autoria da Ver.ª Clênia Maranhão, que cria o Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) no Município de Porto Alegre.

 

PROC. 2571/02 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 013/02, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que altera dispositivos da Lei Complementar nº 434, de 1º de dezembro de 1999, e alterações posteriores (Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental de Porto Alegre).

 

PROC. 2630/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 155/02, de autoria do Ver. Ervino Besson, que institui o Dia do Imigrante Italiano no Município de Porto Alegre.

 

PROC. 2641/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 156/02, de autoria do Ver. Cassiá Carpes, que denomina Rua Ida Passuello um logradouro não-cadastrado, localizado no Bairro Vila Nova.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, na tarde de ontem, no período de Pauta, como hoje, eu trouxe ao conhecimento da Casa um Projeto de Lei que está nas minhas mãos para ser relatado e que eu pedi que fosse diligenciado junto ao Governo, e do qual eu recebi uma resposta. Ele define o regime urbanístico para Vila Jardim Renascença, instituída como área especial de interesse social, pela Lei n.º 8.150 e dá outras providências. Eu havia pedido diligência e até o Prefeito me “puxou as orelhas” na sua resposta. Ele disse: “Em atenção à diligência do Ver. João Antonio Dib, informo que a planta solicitada encontra-se na fl. 13 do Processo Legislativo e compreende a área em questão. Outrossim, para fins de instrução processual, anexo cópia do parecer do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental, que apreciou, aprovou a alteração legislativa contida no Processo.”

Duvido que algum Vereador entenda esta Resolução do Conselho do Plano Diretor, aprovada por S. Ex.ª o Prefeito da Cidade. É claro que este Vereador, quando teve dúvidas, não disse apenas: “Ah, eu tenho dúvidas.” Eu coloquei aqui: “Foram anexadas ao expediente três cópias da mesma planta, as quais, além de não conter qualquer assinatura, não dizem respeito à Vila Jardim Renascença, sendo pertinentes à área da Estrada Afonso Mariano Mariante. Nesse sentido, encareço seja o expediente baixado em diligência ao Executivo Municipal para juntada das plantas oficiais.” Realmente, há aqui três cópias do mapa aerofotogramétrico da Cidade, completado na minha Administração, as três cópias são iguais, e não dizem coisa com coisa. E a outra que o Prefeito disse que consta na página três também não diz nada com nada. De repente, alguém pode dizer: “O Ver. João Antonio Dib, que sempre diz que se deve acompanhar o Regimento, está falando na Pauta, a respeito de um processo que já passou”; mas eu preciso falar para dizer que este outro que entrou aqui, e que está no segundo dia de Pauta, é exatamente a mesma coisa, com a mesma exposição de motivos, só que este tem até menos que o outro, não tem nem uma planta, nem planta errada, nem planta não-assinada, não tem coisa nenhuma! E eles querem que os Vereadores alterem os limites da área especial de interesse social na Vila Canudos, situados em tal e tal, lá na Vila do Parque Belém, e cria a subunidade. Qual é o Vereador que tem competência para examinar esse Projeto de Lei do Prefeito? A peça deles é impressionante!

Ontem, sobre a Secretaria de Segurança, eles escreviam sete páginas! Eu disse que era uma peça rara. Mas era uma ode à burrice, porque ele começava dizendo que a Secretaria de Segurança, que o Projeto era contrário ao interesse público. Não precisa escrever mais nada! Se ele disse isso, é burrice! E aqui é desrespeito, não há nada no Processo que informe! É uma coisa isso aqui, não tem uma planta, não tem uma informação, e, provavelmente, se alguém pedir diligência, vai querer “puxar as orelhas”, o Prefeito João Verle, como puxou as minhas, mas não vai levar. O meu pedido de diligência estava muito bem colocado. Isto são coisas, isto aqui não são projetos. E é por isso, Sr. Presidente, e vou encerrar, que eu tenho dito: nós não temos assessoria para discutir o Plano Diretor, e é uma das coisas mais importantes que a Casa tem de examinar, em razão da revisão que deve ser feita e que não foi feita ainda. Portanto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu devolveria solenemente ao Prefeito. Informe o Processo à altura para que os Vereadores possam conhecê-lo e decidir, porque hoje não há como resolver. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. João Antonio Dib tem se manifestado na tribuna acerca da quantidade de projetos que ingressam na Casa. Eu acho que o Ver. João Antonio Dib, na causa, pode ter razão, mas, na conseqüência, não. A questão que está acontecendo, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é que eu acho que nós estamos legislando em terrenos absolutamente impróprios para se legislar. Por exemplo, na Pauta, aqui, há uma série de projetos, alguns projetos, e eu não vou identificar, mas aqui há projetos que invadem até mesmo competências absolutamente inacessíveis à legislação; há questões ligadas, por exemplo, a situações que dizem respeito a decisões particulares, por exemplo, que são absolutamente impermeáveis a que se legisle. Então, o que está acontecendo, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na Câmara Municipal de Porto Alegre, é exatamente uma quantidade de legislação em espaços que não são da natureza do Projeto de Lei.

Nós temos um instrumento que se usava no passado, nesta Câmara, chamado pedido de providências, pedido de informações. Instrumentos que, na minha opinião, quero colocar aqui da tribuna, têm muito mais eficácia, sentido e força do que projetos de lei. A gente até pode admitir a angústia de Vereadores – vamos dizer – das primeiras Legislaturas, ou de primeira Legislatura diante de um quadro de produzir etc e tal. Mas está-se produzindo legislação, quando não inconstitucional, absolutamente inconstitucional, quando não ilegal, e mais: adentrando em espaços que não são próprios da legislação. Eu já disse que não vou identificar projetos para não criar aqui constrangimentos, mas todos sabem, todos estão examinando determinados projetos que invadem relações absolutamente individuais, onde só àquele compete decidir como deve fazer, qual preço a cobrar, etc., etc.

Então, eu acho que nós temos que nos acautelarmos. Eu discuto aí, tenho discutido na Comissão de Constituição e Justiça a questão dos projetos autorizativos. Há muito já trouxe aqui o pensamento de um civilista, Washington de Barros Monteiro, que para mim sintetizava toda a essência da lei. Washington de Barros Monteiro dizia o seguinte: “Olha, lei que não vige, que não modifica, que não dispõe, que não transforma é como fogo que não queima, água que não molha.” Cansei, já estou cansado de traduzir esse pensamento, que reflete exatamente a posição de um grande jurista, de um civilista, sobre a lei. Então, não adianta dizer: eu autorizo. É um direito aparente. Eu estou parecendo que estou fazendo lei. O Executivo também me surpreende quando veta. Vetar para quê? Deixa aí para os canais do cesto do lixo. Pelo amor de Deus! Acho que é de nossa responsabilidade, de uma intimidade com a legislação, com o Direito, etc. e tal, muitas vezes fico aqui em situações extremamente delicadas e muitas vezes até acompanhamos as iniciativas, até por uma questão de cortesia com os companheiros.

Então, eu acho que temos que vitalizar, utilizar outros instrumentos: pedidos de providências; quero construir isso ou construir aquilo, é só fazer um pedido de providências e vir para a tribuna falar sobre o pedido de providências, insistir com o Prefeito, com a autoridade, etc. e tal, mas não transforme em Projeto de Lei, porque não cabe. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Visivelmente não há quórum. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h20min.)

 

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